Um grupo de investigadores da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos da América, desenvolveu uma madeira extremamente resistente e mais forte do que ligas de titânio. A descoberta, publicada na revista científica Nature no dia 7 de fevereiro, pode representar uma alternativa ao aço.
É um tipo de madeira que pode ser usada em aviões, automóveis, edifícios e em qualquer outra aplicação em que se use o aço”, afirmou à BBC Liangbing Hu, líder da equipa que criou o projeto.
Como explica o professor universitário e cientista, o produto final apresenta uma resistência 12 vezes superior à da madeira comum.
É uma solução promissora na procura de materiais sustentáveis e de grande rendimento”.
Como o investigador explicou em entrevista à BBC, a produção da madeira inovadora passa por duas fases.
Primeiramente, o material é tratado com um produto químico que provoca a extração parcial da molécula lignina. Este componente é o elemento responsável pela rigidez característica da madeira.
De seguida, a madeira é comprimida a 100 graus centígrados, condensando todas as fibras de celulose e reduzindo a espessura do produto final em cerca de 80%. Através desta etapa, é possível eliminar quaisquer defeitos que a madeira possa ter, como buracos e nós.
A etapa mais importante de todo o processo é aproximar as fibras ao ponto de serem criadas fortes ligações de hidrogénio e, assim, tornar o material compacto.
Apesar de a lignina ser retirada para evitar a permanência de espaços vazios, a remoção nunca é total, pois não se pode correr o risco de quebrar a madeira.
Se comprimíssemos demasiado a madeira depois de extrair a lignina totalmente, a estrutura inteira do material iria colapsar”, explicou Liangbing.
Os investigadores envolvidos no projeto testaram o material, lançado contra ele projéteis de aço semelhantes a balas. Estes atravessaram completamente a madeira natural, mas ficaram atravessados a meio caminho quando foram disparados contra a madeira processada.
A madeira é tão forte como o aço, mas seis vezes mais leve”, declarou Liangbing à BBC.
Os testes foram realizados em vários tipos de madeira, dura e leve, entre os quais carvalho, tília, cedro e pinheiro.
Madeiras leves, como o pinheiro, crescem rapidamente e são melhores em termos ecológicos. Assim, podem ser substituídas as florestas mais densas e de crescimento mais lento”, acrescentou.
Quanto às aplicações da nova tecnologia, estas ainda estão a ser pensadas. Como explicou Liangbing à BBC, e tendo em conta que a madeira densificada pode ser utilizada durante mais tempo, a nova técnica pode contribuir para retardar os efeitos da desflorestação.