Vacinação pode aliviar medidas restritivas: como deve funcionar, passo a passo - TVI

Vacinação pode aliviar medidas restritivas: como deve funcionar, passo a passo

  • Henrique Magalhães Claudino
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  • 21 abr 2021, 18:18
Covid-19: pessoas com máscaras na República Checa

Relatório do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças recomenda que países relaxem “lentamente” restrições mediante vacinação. Veja na tabela em que situações pode abdicar do uso da máscara e do distanciamento social

O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) defendeu esta quarta-feira que os países podem começar, “lentamente”, a relaxar as restrições de combate à covid-19, nomeadamente para vacinados, à medida que a inoculação avança na União Europeia (UE).

À medida que a vacinação avança, é encorajador ter recomendações baseadas em provas de que a imunização pode, lentamente, permitir o relaxamento das intervenções não-farmacêuticas [medidas restritivas], tais como o uso de máscaras e o distanciamento físico”, assinala a diretora do ECDC, Andrea Ammon, numa posição divulgada esta quarta-feira.

No dia em que o ECDC emite recomendações sobre as implicações da vacinação nas medidas restritivas adotadas para conter a pandemia, Andrea Ammon acrescenta que, “embora o relaxamento das medidas de proteção deva ser feito gradualmente e com base em avaliações cuidadosas dos riscos envolvidos”, a agência europeia está “confiante de que uma maior cobertura vacinal terá um impacto positivo e direto no regresso à vida normal.

O relatório é ainda acompanhado por uma tabela que mostra os diferentes cenários, riscos e possíveis decisões relativamente ao levantamento das medidas de distanciamento e ao uso obrigatório da máscara.

Cenário Idade Risco Relaxamento do uso de máscara e distanciamento Fatores que potencializam o risco
Encontro entre dois indivíduos completamente vacinados Jovens adultos e adultos Muito baixo Sim Alta circulação de variantes resistentes a inoculação, presença de sintomas de covid-19 em algum dos indivíduos

 

Idosos e população com comorbidades associadas Baixo Sim Alta circulação de variantes resistentes a inoculação, presença de sintomas de covid-19 em algum dos indivíduos

Encontro entre indivíduo completamente vacinado e um ou mais membros que convivam na mesma habitação (ou estejam na mesma bolha social) e não tenham sido vacinados 

 

Jovens adultos e adultos (vacinados) Baixo Sim Alta circulação de variantes resistentes a inoculação, presença de sintomas de covid-19 em algum dos indivíduos

 

 

Idosos e população com comorbidades associadas (vacinados) Baixo a moderado Não N/a

Encontro entre um ou mais indivíduos não vacinados com membros da mesma residência (ou bolha social) que tenham sido vacinados

 

Jovens adultos e adultos (não vacinados) Baixo Sim Alta circulação de variantes resistentes a inoculação, presença de sintomas de covid-19 em algum dos indivíduos
  Idosos e população com comorbidades associadas (não vacinados) Baixo a moderado Não N/a

 

No relatório publicado, este centro europeu contextualiza que a circulação viral na UE “continua atualmente elevada”, enquanto as taxas de inoculação “ainda são baixas na população adulta com 18 anos ou mais, embora mais altas em grupos específicos da população visada nas fases iniciais da vacinação, tais como pessoas com 80 anos ou mais e trabalhadores da saúde”.

Por essa razão, “a redução global dos riscos de doença grave de covid-19 depende da absorção da vacina e da cobertura vacinal na população em geral”, sublinha.

Em concreto, o ECDC recomenda “situações específicas” para o levantamento de restrições como distanciamento físico e uso de máscara, nomeadamente “quando indivíduos totalmente vacinados encontram outros indivíduos totalmente vacinados” ou quando “um indivíduo não vacinado ou indivíduos não vacinados da mesma família ou bolha social se encontram com indivíduos totalmente vacinados”.

A agência europeia considera, também, que os requisitos para testes e quarentena de viajantes e a testagem regular nos locais de trabalho “podem ser dispensados ou modificados para indivíduos totalmente vacinados, desde que não haja circulação ou [perante] um nível muito baixo de variantes”.

Ainda assim, devido ao atual contexto epidemiológico na UE, “em espaços públicos e em grandes concentrações, incluindo durante viagens, as intervenções não-farmacêuticas [restrições] devem ser mantidas independentemente do estado de vacinação dos indivíduos”, adianta o ECDC.

Dando como exemplo o Reino Unido e Israel, países com elevadas taxas de inoculação, a agência europeia insta ainda os Estados-membros da UE a avançarem para uma “aplicação rápida e eficaz de vacinas”, que é “essencial para reduzir o número de indivíduos suscetíveis, hospitalizações, mortes e a circulação viral da covid-19 na comunidade”.

Só dessa forma se poderá “permitir um relaxamento mais forte das medidas para os indivíduos totalmente vacinados”, conclui o organismo no documento.

A campanha de vacinação da UE tem sido marcada por atrasos na entrega de vacinas por parte da AstraZeneca e mais recentemente da Janssen, depois de terem sido registados casos raros de formação de coágulos sanguíneos após a toma de ambos os fármacos.

Atualmente, estão aprovadas quatro vacinas na UE: Comirnaty (nome comercial da vacina Pfizer/BioNTech), Moderna, Vaxzevria (novo nome da vacina da AstraZeneca) e Janssen.

A ferramenta ‘online’ do ECDC para rastrear a vacinação da UE, que tem por base as notificações dos Estados-membros, indica que 8,4% da população adulta da UE já está totalmente inoculada (com as duas doses), enquanto 22,9% recebeu a primeira dose da vacina.

Já em termos absolutos, os dados do ECDC referem que 114 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 foram administradas na UE, de um total de cerca de 133 milhões de doses entregues aos países.

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