Recuperar da Covid-19 pode não ser um alívio. Médicos temem efeitos persistentes - TVI

Recuperar da Covid-19 pode não ser um alívio. Médicos temem efeitos persistentes

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  • 24 abr 2020, 21:07
Covid-19 em Nova Iorque

SARS-CoV-2 danifica não apenas os pulmões, mas também os rins, os vasos sanguíneos, o coração, o cérebro e outros órgãos, segundo a revista Science, que acrescenta que são ainda desconhecidos os problemas a longo prazo causados pelo novo coronavírus

Os doentes que foram internados em cuidados intensivos devido à Covid-19 e que recuperaram podem sofrer efeitos persistentes do vírus, que danifica os pulmões, mas também outros órgãos, segundo um artigo publicado, nesta sexta-feira, na revista Science.

O problema que mais enfrentaremos nos próximos meses é o de como vamos ajudar essas pessoas a recuperar”, diz Lauren Ferrante, pneumologista da Faculdade de Yale, nos Estados Unidos.

A Covid-19 danifica não apenas os pulmões, mas também os rins, os vasos sanguíneos, o coração, o cérebro e outros órgãos, segundo a revista, que acrescenta que são ainda desconhecidos os problemas a longo prazo causados pelo novo coronavírus.

A especialista diz que a maioria dos doentes que estiveram ligados a ventiladores poderá recuperar a sua função pulmonar, mas que outros podem ficar com problemas respiratórios durante muito tempo.

Após qualquer caso grave de pneumonia, uma combinação de doenças crónicas subjacentes e inflamações prolongadas parece aumentar o risco de outras doenças, incluindo ataque cardíaco, derrame e doença renal", acrescenta Sachin Yende, epidemiologista da Universidade de Pittsburgh, também nos Estados Unidos.

Dale Needham, da Universidade Johns Hopkins acrescenta que os doentes que passam algum tempo em cuidados intensivos, independentemente da doença que os leva lá, também são propensos a um conjunto de problemas de saúde física, cognitiva e mental, depois de saírem.

Doentes com longos períodos de ventilação são propensos a atrofia e fraqueza muscular, e correm ainda o risco de delírio, até por causa dos sedativos a que são sujeitos.

Terri Hough, médico de cuidados intensivos pulmonares da universidade norte-americana de Washington, diz mesmo que os doentes não devem ser colocados com ventiladores mais tempo do que o necessário, porque tal afeta-lhes a saúde após a recuperação.

O novo coronavírus já provocou mais de 200 mil mortos e infetou mais de 2,7 milhões em 193 países e territórios, segundo um balanço da AFP.

 

 

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