O primeiro cometa que veio de fora do Sistema Solar é "radicalmente diferente" - TVI

O primeiro cometa que veio de fora do Sistema Solar é "radicalmente diferente"

21/Borisov é o primeiro cometa visitante do sistema solar

Dados de dois estudos científicos publicados pelo site Nature Astronomy podem dar pistas sobre a origem do corpo celeste, que é apenas o segundo corpo interestelar detetado na Via Láctea

O cometa interestelar 21/Borisov tem uma composição incomum e é o primeiro cometa identificado como visitante de outro sistema estelar. Detetado no ano passado por um astrónomo amador, é composto por grandes quantidades de monóxido de carbono, segundo dois estudos publicados no site Nature Astronomy.

É a primeira vez que observamos o interior de um cometa vindo de fora do nosso Sistema Solar", disse Martin Cordiner, líder de uma das equipas responsáveis por um dos estudo. "Este é radicalmente diferente da maioria dos cometas que estamos habituados a ver"

De acordo com a BBC, Martin Cordiner e Stefanie Milam, da NASA, que lideram uma das equipas envolvidas, conseguiram analisar o cometa entre os dias 15 e 16 de dezembro através do radiotelescópio Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (Alma), composto por 66 antenas posicionadas no topo de uma montanha no deserto do Atacama, no Chile. 

Regra geral, os cometas são constituídos por gás, gelo e pó. No entanto, os cientistas estimam que o 21/Borisov contenha maior concentração de monóxido de carbono (CO) do que um cometa comum do Sistema Solar. Além disto, o cometa apresentava também ácido cianídrico (HCN) em quantidades normais para este tipo de corpos celestes. 

Aprendemos nos últimos dois meses que o Borisov é semelhante aos cometas 'dinamicamente novos' do nosso Sistema Solar, ou seja, os cometas que se formaram nas extremidades do Sistema Solar e que tendem a ter uma maior concentração de CO. Portanto, esperamos uma certa abundância de CO, mas níveis tão altos, pelo menos o dobro da quantidade de um cometa típico no Sistema Solar, são muito surpreendentes", explicou à BBC Ye Quanzhi, astrónomo da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos.

De acordo com a BBC, a variação de monóxido em cometas pode estar relacionado com o local exato em que o corpo se formou e com a frequência com que a órbita do cometa se aproxima da estrela e que o faz emitir gases que evaporam mais facilmente. 

Se os gases que observamos refletem a composição do local de nascimento do 21/Borisov, indica que ele pode ter-se formado numa região extremamente fria e periférica de um sistema planetário distante", disse Martin Cordiner

 

O cometa deve ter-se formado a partir de material muito rico em CO congelado, que está presente apenas nas temperaturas mais baixas encontradas no espaço, abaixo de -250 °C", esclareceu Stefanie Milam.

Esta não é a única teoria à volta do cometa interestelar 21/Borisov. Dennis Bodewits, da Universidade de Auburn, nos Estados Unidos, lidera a equipa responsável pelo outro estudo, que usou o Telescópio Espacial Hubble e o Observatório Neil Gehrels Swift para observar o cometa.

Para Dennis Bodewits, o 21/Borisov pode ter nascido em torno de uma estrela anã vermelha, muito comum na galáxia da Via Láctea. 

Essas estrelas têm exatamente as baixas temperaturas e luminosidades em que um cometa se pode formar com a composição encontrada no cometa 21/Borisov", explicou. 

Apesar das teorias, o 21/Borisov é apenas o segundo corpo interestelar detetado na Via Láctea. O primeiro, Oumuamua, foi descoberto em 2017 estava a sair do nosso Sistema Solar, tendo a investigação sobre a sua composição excluído que se trate de um cometa.

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