Novo programa informático facilita identificação do sexo de esqueletos - TVI

Novo programa informático facilita identificação do sexo de esqueletos

  • SS
  • 29 jul 2019, 10:46
Esqueleto (arquivo)

Dois investigadores, das universidades de Coimbra e de Oxford, desenvolveram um programa informático que facilita o trabalho de antropólogos e arqueólogos

Dois investigadores, das universidades de Coimbra e de Oxford, desenvolveram um programa informático que facilita o trabalho de antropólogos e arqueólogos na identificação e caracterização do sexo de esqueletos humanos.

Os investigadores Francisco Curate, do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), e João Coelho, da Universidade de Oxford, criaram “um programa informático que vai facilitar o trabalho de antropólogos e arqueólogos no processo de identificação e caracterização do sexo de esqueletos humanos, quer em contexto forense, quer em contexto arqueológico”, afirmou a FCTUC numa nota enviada esta segunda-feira à agência Lusa.

O programa, designado CADOES (Classificação Automatizada de Dados Osteométricos para Estimar o Sexo), resulta de uma investigação, cujos resultados foram publicados na revista Forensic Science International.

O estudo, adiantou a FCTUC, “partiu dos dados de um trabalho realizado em 1938 pelo cientista José Antunes Serra – uma descrição antropológica clássica do complexo pélvico de uma amostra de restos esqueléticos portugueses do final do século XIX ao início do século XX, que incluiu 256 indivíduos (131 mulheres e 125 homens) da Coleção de Esqueletos Identificados da Universidade de Coimbra”.

Com base nesses dados, referiu Francisco Curate, “desenvolveu-se diferentes algoritmos de classificação que geram modelos osteométricos de elevada precisão, sendo possível analisar 38 variáveis do complexo ósseo pélvico (altura da bacia, ângulo púbico, ângulo sacro-pélvico, conjugata obstétrica, etc.)”.

Isto é, “com os dados em bruto fornecidos no trabalho descritivo de 1938, criou-se novas abordagens para a estimativa de sexo com base em características morfométricas do complexo ósseo pélvico”, explicitou, citado pela FCTUC, Francisco Curate.

Os investigadores centraram-se na região pélvica pelo facto de esta ser a região do corpo humano que apresenta maior grau de dimorfismo sexual e por assumir grande importância na identificação do sexo, que por sua vez é um passo fundamental para estabelecer o perfil biológico de esqueletos humanos, como, por exemplo, saber a idade que o indivíduo tinha à data da morte ou a sua estatura”, referiu a FCTUC.

A principal mais-valia do CADOES “é a flexibilidade, permitindo efetuar um conjunto alargado de análises de forma rápida”, sublinhou Francisco Curate.

O CADOES está disponível gratuitamente no ‘site’ responsivo ‘osteomics.com’, onde também é possível aceder a outros sistemas desenvolvidos por investigadores do Laboratório de Antropologia Forense da FCTUC.

É um sistema ‘user friendly’ (amigo do utilizador) que pode ser usado por qualquer investigador em qualquer parte do mundo”, salientou o investigador.

Esta “é uma ferramenta credível, que simplifica processos e minimiza o grau de erro. Disponibiliza ainda ilustrações que indicam a forma mais adequada de efetuar as medidas dos ossos e caminhos para explorar os dados fornecidos”, acrescentou.

Este programa permite também trabalhar com pequenos fragmentos de ossos, o que representa um avanço na identificação de esqueletos, dado que, “infelizmente, a pélvis é uma região que se preserva menos bem, que se fragmenta muito”, esclarece uo também investigador do Laboratório de Antropologia Forense da FCTUC.

Além de facilitar o trabalho da comunidade científica da área, este novo programa informático tem um grande potencial como recurso pedagógico, “podendo ser utilizado em sala de aula para explorar a anatomia da região pélvica, por exemplo em escolas secundárias”, concluiu Francisco Curate.

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