Consumo moderado de álcool reduz risco de doenças cardíacas - TVI

Consumo moderado de álcool reduz risco de doenças cardíacas

  • BM
  • 24 mar 2017, 14:48
Vinho

Estudo de cientistas de duas universidades britânicas vai ao encontro da ideia comum de que beber álcool dentro dos limites recomendados pode ser benéfico

Um estudo de cientistas da Universidade de Cambridge e do Colégio Universitário de Londres conclui que beber bebidas alcoólicas de forma moderada pode reduzir o risco de desenvolver várias condições cardíacas graves.

O consumo moderado, normalmente definido como não mais de 14 unidades de álcool por semana (o equivalente a cerca de uma garrafa de vinho), está associado a um menor risco de desenvolvimento de algumas doenças cardíacas, mas não de todas, defendem os cientistas.

De acordo com o jornal The Independent, os investigadores das duas universidades inglesas analisaram registos médicos eletrónicos, de quase dois milhões de adultos saudáveis, do Reino Unido.

Os cientistas concluíram que os consumidores moderados de bebidas alcoólicas têm menos probabilidade de sofrer de sete condições médicas graves, que incluem ataques cardíacos e derrames, do que as pessoas que não consumem álcool ou do que aquelas que consomem de forma exagerada.

Steven Bell, o cientista que liderou o estudo, referiu ao jornal britânico The Independent, que pode haver uma série de explicações possíveis para esta descoberta.

Em termos biológicos, as pessoas que bebem com moderação tendem a ter níveis mais baixos de inflamação ou níveis mais altos de colesterol bom”, afirmou Steven Bell.

O estudo, que foi publicado no Jornal Médico Britânico, vai ao encontro da ideia comum de que beber álcool dentro dos limites recomendados pode ser benéfico, nomeadamente através da redução do risco de desenvolvimento de doenças cardíacas.

O cientista Steven Bell referiu que o estudo foi feito com 1, 93 milhões de adultos britânicos.

A investigação foi feita através do cruzamento das bases de dados, que contêm o consumo de álcool dos pacientes, registado pelo médico de Medicina Geral ou por enfermeiros, aos registos das doenças e dos resultados de exames médicos, segundo explicou Steven Bell.

Uma das vantagens de fazer isso é que fomos capazes de criar um conjunto de dados representativo da população em geral, numa escala muito maior do que estudos anteriores”, acrescentou o cientista.

Os investigadores usaram os dados para examinar a relação entre o consumo de álcool e 12 condições cardíacas.

Quando comparado com o consumo moderado de bebidas alcoólicas, o não consumo das mesmas foi associado a um aumento do risco de se desenvolver anginas (dores no peito) instáveis, ataques cardíacos, morte cardíaca súbita, insuficiência cardíaca, acidentes vasculares cerebrais, aneurisma abdominal e doença arterial periférica.

Mas o consumo moderado de bebidas alcoólicas já não parece ter efeito em anginas crónicas estáveis e ataques cerebrais (conhecidos como mini-acidentes vasculares cerebrais).

O cientista Steven Bell explica que o estudo não deve ser visto, por quem não consome álcool, como um incentivo para começar a fazê-lo. Refere que há outras formas mais seguras e mais eficazes de reduzir o risco de doenças cardíacas, como ter uma alimentação saudável.

James Nicholls, diretor de pesquisa e desenvolvimento de políticas da “Alcohol Research UK”, defende que os resultados “devem ser levados a sério” e diz que o estudo é “uma importante contribuição para a evidência de um assunto controverso”, segundo o jornal The Independent.

Uma força particular deste estudo são os números envolvidos (de adultos analisados). Os investigadores são capazes de separar os diferentes riscos para diferentes condições cardíacas”, acrescentou James Nicholls.

O diretor James Nicholls realça que a ideia de que "o álcool faz bem ao coração" negligencia o facto de que há uma ampla gama de condições cardíacas e que o efeito do consumo de álcool varia de acordo com essas condições.

Este estudo confirma que o álcool produz diferentes padrões de risco, dependendo se estamos a olhar, por exemplo, para o enfarte do miocárdio ou para a angina", explicou.

De acordo com o The Independent, investigadores da Escola Médica de Harvard e da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins, dos Estados Unidos, acham que este estudo “prepara o cenário para estudos cada vez maiores e mais sofisticados, que tentarão aproveitar esta inundação de dados para fazer descobertas úteis, fiáveis e imparciais”.

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