Dar amendoins aos bebés pode prevenir alergias futuras - TVI

Dar amendoins aos bebés pode prevenir alergias futuras

(Foto Cláudia Lima da Costa)

Instituto Nacional de Saúde norte-americano divulgou novas recomendações que contrariam ideia existente. Introduzir cedo os amendoins, em bebés de meses, pode tornar as crianças tolerantes ao fruto seco

Até agora, era recomendado a todos os pais, de crianças pequenas, que evitassem alguns tipos de alimentos para prevenir possíveis reações alérgicas. No entanto, esta quinta-feira, o Instituto Nacional de Saúde norte-americano divulgou novas recomendações que contrariam o que se sabia, até agora, escreve a agência de notícias Associated Press. Recomendações apenas se referem ao caso dos amendoins.

Introduzir cedo comida com amendoins pode diminuir as probabilidades de a criança desenvolver alergia a este fruto seco. “Estamos à beira de evitar um grande número de casos de alergia ao amendoim”, defendeu Matthew Greenhawt do Colégio de Especialistas de Alergia, Asma e Imunologia dos Estados Unidos, nas novas recomendações agora divulgadas.

As novas conclusões baseiam-se em investigações que concluíram que a exposição aos alimentos irá proteger mais as crianças, do que prejudicá-las. As recomendações explicam como o alimento deve ser introduzido, de acordo com a idade da criança e dependendo, também, se ela tem risco elevado, moderado ou baixo de desenvolver reações alérgicas.

Bebés com elevado risco - porque já têm uma forma severa de eczema na pele ou alergia ao ovo – precisam de ser examinados antes de serem expostos aos amendoins. Na verdade, o primeiro contacto com este fruto seco até poderá acontecer na presença do pediatra.

Já para os outros, o amendoim pode ser introduzido com o restante cuidado que se tem com outros alimentos. A forma deve ser adequada para a idade, por isso, dar um amendoim inteiro a um bebé não é, certamente, o caminho a seguir.

Anthony Fauci, do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas norte-americanas, considera que “este é um passo em frente”.

“Quando começamos a dessensibilizar cedo, o efeito será positivo”, justifica

A alergia aos amendoins é um problema crescentes nos Estados Unidos, mas não só. Neste país, cerca de 2% das crianças evitam produtos alimentares com este fruto seco na sua composição, porque podem ter reações alérgicas graves, incluindo, colocar a própria vida em risco.

Durante os últimos anos, os pediatras sempre aconselharam os pais a evitar amendoins até aos três anos de idade, no caso de crianças com risco de desenvolver alergias. No entanto, isso não ajudou os mais pequenos e os pediatras deixaram de fazer a recomendação. Mesmo assim, a maioria das famílias continua a evitar os amendoins.

As novas recomendações foram divulgadas, quinta-feira, em vários jornais médicos e são as seguintes:

- Os bebés só devem provar alimentos com amendoins depois de terem introduzido outros alimentos sólidos, para garantir que estão suficientemente desenvolvidos

- Bebés de risco elevado devem ser vistos por um pediatra antes de introduzir o alimento, de preferência entre os quatro e os seis meses. Será esse exame que vai determinar se deve provar o fruto seco na presença do médico ou em casa com os pais, que estarão alerta para as possíveis reações

- Bebés de risco moderado com algumas alergias na pele, sem grande gravidade, devem experimentar por volta dos seis meses, em casa.

- Bebés de risco baixo também devem introduzir o amendoim por volta dos seis meses

- Para se ganhar tolerância a um alimento, este deve fazer parte da dieta regular da criança. Ou seja, cerca de três vezes por semana.

Vejamos dois estudos cujas conclusões fizeram mudar as recomendações.

Uma investigação comparou os casos de um grupo de crianças judias, a residir na Grã-Bretanha, que não comiam amendoins, com um grupo de crianças, a viver em Israel, e expostas ao fruto seco por volta dos sete meses. Os casos de alergia ao amendoim eram dez vezes superiores no grupo que vivia em Inglaterra.

Também em 2015, o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, divulgou um estudo realizado junto de 600 bebés. A uns aconselhava a introdução do amendoim, a outros dizia para evitar.

Quando atingiram os cinco anos de idade, só 2% dos que foram expostos aos amendoins desenvolveram alergia e, dentro deste grupo, apenas 11% das crianças era de risco elevado. No grupo de não comeu o fruto seco, 14% desenvolveu a intolerância e 35% dos menores eram de risco elevado.

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