Vão aumentar ondas de calor como a do fogo de Pedrógão - TVI

Vão aumentar ondas de calor como a do fogo de Pedrógão

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  • 29 jun 2017, 20:13
O dia mais quente do ano

Estudo da Universidade de Aveiro conclui que vai haver cinco vezes mais ondas de calor em 100 anos

Um estudo de investigadores da Universidade de Aveiro (UA), divulgado esta quinta-feira, conclui que no final do século XXI vai haver cinco vezes mais ondas de calor como aquela que ocorreu durante o incêndio de Pedrógão Grande.

A conclusão resulta de um estudo que foi publicado na semana passada no International Journal of Climatology, realizado por investigadores do Departamento de Física da UA e do laboratório associado CESAM - Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, com parceiros europeus.

O estudo analisa as alterações nas ondas de calor e suas características para 12 locais na Península Ibérica, incluindo Lisboa, Porto, Bragança e Beja, num cenário em que as emissões de gases com efeito de estufa continuarão a aumentar ao ritmo atual.

Quando comparados os valores do clima atual e os valores do clima nos próximos cem anos verifica-se que em toda a Península Ibérica ocorrerão cinco a seis ondas de calor por ano, representando cinco vezes mais do que atualmente, explica uma nota de imprensa da UA.

O mais importante é que o número de dias de ondas de calor vai aumentar muito. No futuro, vamos ter metade do verão, ou mais de metade do verão com ondas de calor", disse à Lusa, o físico Alfredo Rocha.

De acordo com o investigador, estas ondas de calor poderão ocorrer também nas estações intermédias, designadamente no fim da primavera e no início do outono.

O trabalho, realizado pelos investigadores Alfredo Rocha, Susana Pereira, Martinho Marta-Almeida e Ana Cristina Carvalho, confirmou ainda que "a velocidade com que o aquecimento se está a verificar está a aumentar".

O Acordo de Paris estabelece um aumento máximo da temperatura média global de 1,5 graus centígrados até 2100 e, neste momento, a temperatura média global já aumentou 1,1 graus centígrados", disse Alfredo Rocha.

O investigador recorda que atualmente há países que já têm temperaturas muito elevadas, mas "estão habituados a lidar com isso", defendendo que "é preciso adaptarmo-nos muito rapidamente a isso, quer em termos de cuidados de saúde, quer na agricultura".

Apesar de considerarem que o Acordo de Paris será "muito difícil" de concretizar, os autores do estudo sublinham que é fundamental implementar ações de mitigação, no sentido de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, de forma a minimizar o aquecimento global.

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