Português liderou equipa que usou óleo de cozinha para criar esponjas anti-mercúrio - TVI

Português liderou equipa que usou óleo de cozinha para criar esponjas anti-mercúrio

  • 28 ago 2017, 18:52
Contaminação com mercúrio

Material esponjoso consegue absorver o metal poluente sem se tornar tóxico. Invento da equipa de Gonçalo Bernardes vai ser testado na Indonésia

Uma equipa de investigadores coliderada pelo português Gonçalo Bernardes criou um material esponjoso, a partir de óleo de cozinha e enxofre, capaz de absorver mercúrio, um metal tóxico que se encontra na água, no ar e no solo.

Gonçalo Bernardes, do Instituto de Medicina Molecular, em Lisboa, e cientistas da Universidade de Flinders, na Austrália, obtiveram este material poroso, misturando óleo para fritar alimentos com enxofre, um subproduto da indústria petrolífera, numa solução a 180ºC.

Ao fim de 20 minutos, e após a adição de sal, a equipa conseguiu ter um material esponjoso, feito com poluentes, capaz de capturar mercúrio, um outro poluente, existente na água, no solo e na atmosfera.

Gonçalo Bernardes, investigador do laboratório de Biologia Química e Biotecnologia Farmacêutica do Instituto de Medicina Molecular, disse à agência Lusa que se trata de um material fácil e barato de produzir e "supereficiente para remover mercúrio", bastando "o contacto com superfícies que estejam altamente poluídas".

O cientista assinalou que, apesar de estar em contacto com o mercúrio, o novo material "não é tóxico".

Testes na Indonésia

Em novembro, o material poroso de polissulfureto vai começar a ser testado na Indonésia, onde os agricultores fazem a queima de mercúrio durante a recolha de amálgamas de ouro.

Gonçalo Bernardes lembrou, a este propósito, que cerca de 15 por cento do ouro mundial é recolhido, de forma artesanal, por agricultores do Sudeste Asiático e da América do Sul, que levam as amálgamas para casa e as colocam numa panela com água a ferver para que o mercúrio se liberte no vapor.

E a família, em casa, está a inalar mercúrio, que é altamente tóxico", relatou, acrescentando que "há muita demência" nestas regiões por ação deste poluente, também presente em pesticidas usados nas plantações de cana-do-açúcar do Brasil, da Índia e da Austrália e em oleodutos instalados no fundo do mar.

Os resultados do trabalho desenvolvido pelos investigadores portugueses e australianos foram publicados na revista da especialidade Chemistry.

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