Cientistas inspiram-se em percebes para criar pasta que pode estancar hemorragias - TVI

Cientistas inspiram-se em percebes para criar pasta que pode estancar hemorragias

  • Agência Lusa
  • JGR
  • 9 ago 2021, 18:26
Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge

A pasta, testada em ratazanas e porcos, é reabsorvida lentamente pelo organismo ao fim de meses, mas também pode ser eliminada com uma solução

Cientistas testaram em animais, nos Estados Unidos, uma pasta que pode estancar rapidamente uma hemorragia, inspirando-se na substância pegajosa com que os dos percebes se agarram a rochas, cascos de embarcações e baleias.

A pasta, testada em ratazanas e porcos, é reabsorvida lentamente pelo organismo ao fim de meses, mas também pode ser eliminada com uma solução.

Os resultados da investigação, conduzida por especialistas da organização médico-hospitalar Clínica Mayo e do Instituto Tecnológico de Massachusetts, foram divulgados na publicação científica Nature Biomedical Engineering.

Em ratazanas, a pasta revelou, após uma ligeira pressão, ser eficaz a estancar uma hemorragia em 15 a 30 segundos, enquanto em porcos foi capaz de travar rapidamente hemorragias no fígado.

Para criarem a pasta aderente com propriedades vedantes, os cientistas adaptaram uma fita adesiva de dupla face que desenvolveram em 2019 para fechar incisões cirúrgicas baseando-se no material pegajoso que as aranhas usam para capturar as suas presas em ambientes húmidos.

Desta feita, os investigadores adicionaram óleo de silicone a micropartículas feitas com o material utilizado nessas fitas adesivas.

Quando a pasta se aplica a uma superfície húmida, como um tecido coberto de sangue, o óleo repele o sangue e outras substâncias que possam estar presentes, permitindo que as partículas adesivas formem um selo hermético sobre a ferida.

Segundo os investigadores, a pasta pode moldar-se para se "encaixar" em feridas irregulares, permanece intacta durante várias semanas, dando tempo para que o tecido sare por si mesmo, e induz pouca inflamação.

Alguns materiais são comercializados há vários anos para estancar hemorragias, inclusive adesivos que ajudam a coagular o sangue.

Contudo, de acordo com os autores do novo estudo, requerem vários minutos para estancar o sangue e nem sempre funcionam em feridas que sangram abundantemente.

Ao observarem os percebes, os cientistas verificaram que as moléculas de proteínas pegajosas que os ajudam a "colar-se" a rochas, cascos de embarcações e animais marinhos como baleias estão suspensas numa espécie de óleo que repele a água e qualquer contaminante que se encontre na superfície.

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