Cientistas tornam objeto invisível pela primeira vez - TVI

Cientistas tornam objeto invisível pela primeira vez

  • MVM
  • 3 jul 2018, 14:35
Objeto invisível

Equipa de investigação do Canadá, liderada por um espanhol, quer usar técnica para resolver problemas que existem nas telecomunicações

Uma investigação desenvolvida pelo Instituto Nacional de Investigação Científica de Montreal, no Canadá, concluiu que é possível tornar objetos invisíveis, o que permite melhorar as telecomunicações e até tornar edifícios invisíveis a terramotos.

Não, não é um género de capa de Harry Potter. Mas sim uma técnica desenvolvida pela equipa de investigação que permite tornar objetos invisíveis e resolver problemas que existem nas telecomunicações para já. A equipa vai prosseguir com a investigação, de modo a alcançar maiores feitos futuramente.

Os nossos resultados são possíveis graças aos fundos públicos que se destinam à investigação e por isso são do domínio público. O desenvolvimento contínuo conseguido graças à investigação altera as possibilidades do futuro”, revela o espanhol José Azaña, que participa do estudo, ao jornal El País.

Considerando os termos técnicos necessários para o entendimento desta descoberta, tem que se ter noção que a luz é uma oscilação que se propaga no vácuo com uma certa variação no tempo, que dá origem a frequências, frequências essas que determinam as cores para a luz. Numa determinada faixa de frequências podemos observar as cores e essa faixa de cores é chamada de espectro de luz visível.

A investigação, baseada no efeito Talbot, pode ser utilizada para resolver determinados problemas atuais a nível de telecomunicações.

Por exemplo, reorganizando o espetro da energia de sinais, as interferências, o ruído e a dispersão de sinal iriam diminuir tal como outros efeitos indesejados que afetam a transmissão de dados hoje em dia”, afirma Carlos Rodríguez Fernández-Pousa, professor da Universidade Miguel Hernández de Elche.

Um aspeto muito interessante desta investigação é o facto de ser possível generalizar os resultados a ondas de diversa natureza, o que poderá abrir portas a futuras aplicações em isoladores térmicos e acústicos, ou mesmo para tornar edifícios "invisíveis" a terramotos, generalizando estes resultados para ondas térmicas ou ondas mecânicas, respectivamente.

Estamos a trabalhar para generalizar as equações para fazer um objeto invisível em duas dimensões. E se for possível, queremos chegar a implementar a técnica a objetos macroscópicos tridimensionais” diz José Azaña.

As soluções convencionais da invisibilidade baseiam-se em alterar a propagação da luz à volta de um objeto e ocultá-lo.

O problema é que as diferentes cores ou frequências do espectro de luz requerem diferentes intervalos de tempo para atravessar o dispositivo de invisibilidade. E como resultado, a distorção temporal criada à volta do objeto revela a sua presença, arruinando o efeito de invisibilidade”, explica o professor José Azaña, líder da investigação.

A solução inovadora proposta pela equipa de investigadores evita este problema, permitindo que as ondas se propaguem através do objeto, em vez de rodeá-lo, evitando assim qualquer distorção detetável nas ondas à volta do objeto.

A chave desta técnica está em mover primeiro as frequências de luz para zonas do espectro que não serão afetadas pela reflexão ou propagação da luz através do objeto a ser escondido.

Por exemplo, se o objeto é verde, é porque reflete a luz dessa frequência, então a luz na zona verde do espectro poderia mover-se para a zona azul de modo a que, ao atingir o objeto, não existisse luz verde a ser refletida. Assim, uma vez que o objeto é contornado, o dispositivo de invisibilidade inverte esta mudança de frequência reconstruindo o estado inicial da onda.

Dessa forma, nem o objeto a ser escondido nem o próprio dispositivo de invisibilidade são detectados", diz o investigador.

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