Cientista e apicultora descobre lagarta que come sacos de plástico - TVI

Cientista e apicultora descobre lagarta que come sacos de plástico

  • 24 abr 2017, 17:22

Por mero acaso, Frederica Bertocchini descobriu que as larvas que se alimentam da cera das colmeias também comiam plástico. Com um apetite acelerado

Uma forma de combater a poluição por via dos plásticos, um dos materiais mais difíceis de decompor, pode ter sido encontrada por cientistas europeus, que descobriram haver uma lagarta capaz de comer o polietileno.

A chamada traça da cera, cujas larvas são criadas para usar como isco para a pesca, é um flagelo para as colmeias de abelhas na Europa. Por coincidência, uma cientista que também é apicultora descobriu como podem acelerar a degradação do polietileno.

Quando Federica Bertocchini, do Instituto de Biomedicina e Biotecnologia de Cantábria, em Espanha, limpava as larvas que vivem como parasitas da cera de abelha de uma das suas colmeias, pô-las num saco de plástico. Reparou que, pouco tempo depois, apareceram buracos no saco.

A cientista experimentou então juntar cerca de cem lagartas num saco de plástico comum de um supermercado e verificou que os primeiros buracos apareceram ao fim de 40 minutos.

Após 12 horas, tinham desaparecido 92 miligramas de plástico. Trata-se de um ritmo muito superior ao que os cientistas já experimentaram com bactérias que conseguem consumir apenas 0,13 miligramas por dia.

Se uma única enzima for responsável por este processo químico, a sua reprodução em grande escala com métodos biotecnológicos deverá ser possível", afirmou Paolo Bombelli, da Universidade britânica de Cambridge e o principal autor do estudo divulgado na publicação especializada Current Biology.

O polietileno é usado principalmente em embalagens e representa 40 por cento dos produtos plásticos utilizados na Europa, onde 38% do plástico acaba em aterros sanitários.

Cerca de um trilião de sacos de plástico é usado todos os anos, representando um fardo enorme para o ambiente, uma vez que o plástico é altamente resistente e mesmo quando começa a decompor-se continua fragmentado e espalhado pelos ecossistemas.

Como as larvas conseguem comer plástico ainda não está completamente estudado, mas os investigadores sugerem que a decomposição da cera das abelhas e dos plásticos pelas larvas envolve um processo químico semelhante.

Federica Bertocchini salientou que a cera é "um polímero, uma espécie de 'plástico natural' com uma estrutura semelhante ao polietileno".

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