Pesticidas ligados à extinção "massiva" de abelhas selvagens - TVI

Pesticidas ligados à extinção "massiva" de abelhas selvagens

Abelha selvagem

Estudo analisou durante 18 anos o comportamento de 62 espécies de abelhas que desempenham um papel-chave na polinização das culturas e confirmou o que se temia: muitas espécies estão em risco

As abelhas selvagens que procuram alimentos em culturas tratadas com pesticidas neonicotinóides são mais propensas a sofrer uma extinção de população em grande escala do que aquelas que se alimentam em ambientes sem pesticidas.

De acordo com um estudo divulgado pela revista Nature, os pesticidas revelaram ter efeitos "sub-letais" sobre as abelhas (que são polinizadores vitais para muitas culturas) em análises feitas em laboratório e em estudos de pequena escala. Mas o seu efeito no mundo real nunca tinha sido bem compreendido – até agora.

De acordo com o jornal britânico Independent, o uso de neonicotinóides foi restringido pela União Europeia e proibido em alguns locais, como o estado norte-americano de Maryland, por causa da crescente preocupação com os efeitos sobre as abelhas.

Um estudo elaborado por uma equipa de peritos, liderada por Ben Woodcock, do Centro para a Ecologia e Hidrologia de Wallingford, no Reino Unido, que se realizou durante um período de 18 anos, vem agora trazer nova luz sobre a matéria.

O estudo centrou-se em 62 espécies de abelhas no Reino Unido e relacionou o declínio detetado na população de abelhas com o aumento da utilização dos chamados pesticidas neonicotinóides.

Os neonicotinóides são um tipo de pesticida utilizado em muitos tipos de culturas em todo o mundo e que já se demonstrou, de acordo com a Nature, serem nocivos para as abelhas. No entanto, até à data, a maioria dos estudos só tinha conseguido testar os efeitos em ambientes experimentais e a curto prazo.

No Reino Unido, a utilização destes pesticidas foi aprovado em 2002 e, em 2011, a percentagem de sementes em culturas britânicas tratada com neonicotinóides tinha aumentado em 83%.

Ben Woodcock e a equipa que liderou examinaram como a utilização daqueles pesticidas em grande escala influenciou as mudanças na população de abelhas entre as 62 espécies estudadas entre 1994 e 2011.

Nas conclusões a que chegaram, os especialistas determinaram que havia uma probabilidade três vezes maior de que a população de abelhas diminuísse nos casos de abelhas que procuravam alimento em culturas tratadas com aqueles pesticidas do que aquelas que se alimentavam com plantas selvagens ou outro tipo de culturas.

 

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