Portugueses inventam solução para fazer frente a Google e Facebook - TVI

Portugueses inventam solução para fazer frente a Google e Facebook

Internet

Estas grandes plataformas da Internet ganham o grosso da receita gerada no mercado publicitário digital em Portugal. Seis grupos de comunicação social juntaram-se e criaram o Nónio, que vai ser importante para o negócio, mas também para quem acede aos sites de informação para ver notícias

Quando ouvimos falar em notícias e publicidade na Internet, facilmente podemos imaginar os olhos arregalados da Google e do Facebook, que ganham muito com isso sem que tenham jornalistas nos seus quadros. Para reequilibrar este tabuleiro, seis grupos de comunicação social portugueses – incluindo a Media Capital, dona da TVI e TVI24 - juntaram-se para criar o Nónio. Fixe o nome: Nónio, em homenagem ao matemático português Pedro Nunes. Ora, o Nónio é um novo projeto também para si, consumidor de notícias e publicidade online e que, naturalmente, conta consigo.

Ao consultar um site de notícias, depara-se com informação que lhe interessa, informação que não quer de todo saber, mais a publicidade, que também nem sempre vai de encontro àquilo que aprecia. Certo?

Media Capital, Cofina, Impresa, Global Media, Renascença e Público compõem a Plataforma de Media Privados e querem conhecer melhor quem vê, ouve e lê as notícias precisamente para dar a cada cibernauta aquilo de que este mais gosta.

Para fazer um perfil de cada cibernauta, a partir de agora estes meios de comunicação social vão pedir aos utilizadores dos seus sites que se registem uma única vez, apenas num dos sites que compõem este projeto. Veja aqui como vai funcionar e qual o impacto para a sua experiência de navegação. 

Google gostou da ideia

Os gigantes da internet como o Google e o Facebook já têm enormes bases de dados e perfis dos cibernautas, o que lhes dá uma vantagem na hora de captar investimento publicitário. Por isso, ficam com a maioria da receita gerada no mercado publicitário digital em Portugal. 70%, sabia?

Os meios de comunicação social, apesar de fornecerem os conteúdos a estas plataformas, acabam por receber apenas uma parte ínfima da receita.

Pode parecer estranho, mas a própria Google, embora vá ser concorrente deste projeto made in Portugal, gostou dele e... financiou-o. A Plataforma de Media Privados candidatou-se ao Google DNI Fund, um fundo que premeia iniciativas de meios que produzem notícias e que precisem de dinheiro para melhorar os seus conteúdos com tecnologia digital mais relevante para os leitores. O financiamento consistiu em 900 mil euros

Porque é que Google se juntou e vai financiar? A Google acredita no teor das candidaturas, pelo lado da inovação, com registo único, a base de dados partilhada, oferta de conteúdos e publicidade mais direcionados. É um projeto pioneiro, mesmo a nível internacional”, nota o diretor-coordenador da Media Capital Digital, Ricardo Tomé.

A estratégia que uniu seis grupos de comunicação

A criação do Nónio é, no fundo, uma forma de ajudar a financiar os meios de comunicação social, sem ter de pedir aos cibernautas que paguem pelo acesso à informação. Provavelmente já se deparou, em várias páginas de órgãos de informação, com a necessidade de pagar para ler notícias.

Estes grupos de comunicação social não querem chegar a esse ponto, como sublinha o diretor do Público, David Dinis. “Há muitas vantagens em as notícias circularem pelo Google e pelo Facebook, mas precisamos de ter receita com isso. Não trabalhamos de borla. É uma alternativa a fechar conteúdos online e cobrar pagamentos. Fechar tudo, fechar as portas a quem nos quer ler é doloroso”.

Tem vantagens não só para nós, grupos de comunicação social, como também para quem gosta de ver notícias através de nós. Tem uma utilidade enorme: permitir melhor publicidade permite maior capacidade de ir buscar financiamento, de ganhar dinheiro. E se tivermos essa capacidade reforçada, reforçamos os grupos e vamos ser mais independentes. E isso é melhor para quem nos lê”

Pretende-se reequilibrar os pratos de uma balança que aguenta o peso de todos e que dá o seu a seu dono de forma mais justa. “Há lugar para todos, mas temos de encontrar uma forma de reequilibrar esta equação e esta relação económica entre meios de comunicação social e as grandes plataformas”, defende José Ramos Pinheiro, administrador do Grupo Renascença, que realça a inovação deste projeto em três frentes.

Este sistema que estamos a implementar de forma pioneira em Portugal é único: agrega meios concorrentes, capazes de superar a sua redoma habitual, em nome do mercado global e dos interesses dos consumidores, que não podem ficar de forma redutora nas mãos das grandes plataformas”.

Estes seis grupos de comunicação social acreditam que o Nónio é a chave. Veja aqui o impacto que terá para si.

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