O remdesivir, único medicamento autorizado para tratar a covid-19 não tem, afinal, qualquer efeito na sobrevivência dos doentes. As conclusões são de um estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS), que no passado mês de março começou a examinar os medicamentos para outras doenças e que passaram a ser utilizados para tratar o novo coronavírus, nomeadamente o remdesivir mas também o antirretroviral lopinavir, desenvolvido para doentes com VIH, a hidroxicloroquina, usada para tratar a malária, ou o interferão beta, administrado na esclerose múltipla.
O estudo da OMS ainda não foi revisto pelos pares e aguarda publicação numa revista científica. Acabou por ser divulgado depois de o Financial Times ter tido acesso a uma cópia e divulgado as conclusões da pesquisa.
Numa declaração à Press Association feita na noite de quinta-feira, o gabinete de comunicação da OMS confirmou que os resultados para estas quatro opções de tratamento eram "pouco promissores".
O ensaio concluiu que o remdesivir, a hidroxicloroquina, lopinavir/ritonavir e interferão têm pouco ou nenhum efeito na mortalidade para doentes hospitalizados", revelou a OMS. "Para cada medicamento no estudo, o efeito na mortalidade foi pouco promissor de forma decepcionante. Os resultados não são significativamente afetados se excluirmos alguns países, regiões ou subgrupos".
O remdesivir foi um dos medicamentos administrados, por exemplo, ao presidente norte-americano Donald Trump, desenvolvido inicialmente para tratar o ébola.
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Ensaios clínicos demonstraram, porém, que o remdesivir diminui a duração dos sintomas de covid-19 nos doentes graves de 11 para 15 dias. Esta é a primeira vez que é analisado o efeito do medicamento na sobrevivência dos doentes.
A Comissão Europeia adquiriu recentemente 500 mil doses de remdesivir, o primeiro medicamento autorizado na UE para tratar a covid-19, tendo pago
à farmacêutica Gilead 70 milhões de euros pelo antiviral, vendido com o nome comercial de Veklury.
Este novo contrato foi precedido por um outro realizado entre a Comissão e a farmacêutica Gilead para assegurar 33.380 doses de tratamento, que têm sido distribuídas em toda a UE e Reino Unido desde agosto.
A Agência Europeia do Medicamento aprovou o recurso a este medicamento para o tratamento da Covid-19 em adultos e adolescentes a partir dos 12 anos e que requerem oxigénio suplementar.