A Pfizer está a trabalhar numa versão em pó da sua vacina contra a covid-19, para resolver o problema do armazenamento a baixas temperaturas.
Mikael Dolsten, que lidera a investigação na Pfizer, disse em entrevista ao Business Insider que uma segunda versão da vacina já está a ser planeada e poderá estar disponível já no próximo ano. Recorde-se que a Pfizer anunciou que a vacina contra a covid-19 que desenvolveu tem 95% de eficácia e já pediu, em parceria com a BioNTech, a aprovação da vacina nos EUA, podendo esta começar a ser distribuída ainda em dezembro.
As vacinas em pó, normalmente soluções liofilizadas, podem ser reconstituídas antes de serem inoculadas, ou mesmo administradas através da inalação. A grande vantagem desta versão tem a ver com a possibilidade de serem dispensadas as baixíssimas temperaturas - a rondar os 70 graus negativos - necessárias para conservar a vacina agora desenvolvida.
Estamos a pensar sobre várias possibilidades para as vacinas da próxima geração", admitiu Dolsten em entrevista. "Para a covid-19, julgo que vamos disponibilizar no próximo ano uma vacina em pó", esclareceu. "Julgo que em 2021 conseguimos desenvolver um formato em pó que só precisa de ser refrigerado".
A Pfizer já criou nas suas instalações, no Michigan, EUA, um complexo com 350 gigantescos congeladores para armazenarem as primeiras vacinas contra a covid-19 logo que estas estejam prontas a serem distribuídas.
Terão de ser enviadas em contentores cheios de gelo seco, que comportarão 975 fracos de vacina, cada um contendo cinco doses, num total de 4.875 doses por contentor. A cada dia, seis camiões levarão as vacinas para transportadoras que, por via aérea, vão entregá-las nos EUA em dois dias, no máximo, e em três dias ao resto do mundo.
Porém as transportadoras ainda precisam de obter uma autorização especial do organismo que regula a aviação civil para o transporte das vacinas, devido às enormes quantidades de gelo seco que serão necessárias e que podem representar um perigo para a tripulação se passarem do estado sólido a gasoso.
Para agravar o problema, muito poucas unidades hospitalares têm, até ao momento, equipamentos que permitam o armazenamento das vacinas a temperaturas tão baixas, uma dificuldade que será ainda maior nos países em desenvolvimento, sem capacidade para obter este tipo de infraestruturas.