Frances Haugen, ex-funcionária e denunciante do Facebook, disse esta segunda-feira no parlamento britânico, perante os legisladores, que a rede social está a agravar o ódio e o extremismo online, não protege as crianças de conteúdo nocivo e não tem incentivo para resolver os problemas.
A denunciante salientou ainda que os algoritmos priorizam o "engagement" e levam as pessoas com interesses comuns ao extremo.
Inquestionavelmente, está a piorar o ódio", afirmou Frances.
A antiga funcionária testemunhou numa comissão parlamentar, no Reino Unido, que analisava o projeto de lei do governo britânico para reprimir o conteúdo online prejudicial.
Frances Haugen confessou ter ficado em choque ao saber que o Facebook “querer contratar 10 mil engenheiros na União Europeia para trabalhar no metaverso”
Eu fiquei: 'Uau, sabes o que poderíamos ter feito com a segurança se tivéssemos mais 10 mil engenheiros?' Seria espantoso", rematou.
Esta é a segunda vez que a denunciante aparece perante os legisladores, depois de no dia 5 de outubro, ter testemunhado perante o Senado dos Estados Unidos.
Durante o meu tempo no Facebook, apercebi-me de uma verdade devastadora: quase ninguém fora do Facebook sabe o que acontece lá dentro. A empresa esconde intencionalmente informações vitais do público, do governo dos Estados Unidos e de governos de todo o mundo”, explicou a denunciante no Congresso dos Estados Unidos, citada pela NPR.
Haugen citou documentos de investigação interna que copiou secretamente antes de deixar o seu trabalho na unidade de integridade cívica do Facebook, que provam que a empresa mente quando diz que tem feito progressos significativos contra os conteúdos de ódio, violência e desinformação.
A ex-funcionária foi principal fonte do The Wall Street Journal que revelou, entre outras práticas, que o Facebook ignorou estudos internos que davam conta do impacto negativo da rede social Instagram na saúde mental dos mais jovens.
O CEO do Facebook Mark Zuckerberg contestou o retrato de Frances Haugen da empresa, mas concorda com a necessidade de se criarem novas legislações.
Quem é Frances Haugen?
No passado dia 14 de setembro, o The Wall Street Journal publicou uma grande investigação sobre o Facebook, com base em documentos internos da rede social entregues por uma fonte anónima.
No início deste mês, a fonte na qual se baseava a grande investigação foi identificada: Frances Haugen.
A antiga funcionária do Facebook copiou centenas de milhares de páginas da pesquisa interna do Facebook, que provam que a empresa mente quando diz que tem feito progressos significativos contra os conteúdos de ódio, violência e desinformação.
A denunciante testemunhou no dia 5 de outubro, perante o senado norte-americano, admitindo que os produtos do Facebook “prejudicam as crianças, alimentam a divisão e enfraquecem a democracia”.
Uma das acusações mais graves levantadas é a de que o Facebook tem conhecimento de que o algoritmo dos seus produtos está a conduzir utilizadores a desenvolver perturbações alimentares.
A antiga funcionária destacou ainda que o Facebook pode representar um perigo para “a segurança nacional” dos Estados Unidos da América, uma vez que é utilizado por “regimes autoritários e líderes terroristas” de todo o mundo.
Já sobre o Instagram, Haugen refere a própria pesquisa interna do Facebook, que chegou à conclusão de que 13,5% das adolescentes admite que o Instagram faz aumentar os pensamentos suicidas e que 17% revelou ter piorado de distúrbios alimentares por utilizar a rede social baseada na imagem.
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