Plástico "está a matar lentamente" a raça humana - TVI

Plástico "está a matar lentamente" a raça humana

Barco português Turn The Tide On Plastic

Recolha de amostras durante a regata de volta ao mundo Volvo Ocean Race leva a descobertas devastadoras

A contaminação através do plástico tornar-se-á em breve "catastrófica" para a saúde humana e “matá-la-á lentamente”. O alerta é da conselheira médica da Fundação Mirpuri, Luiza Mirpuri, na sequência de uma investigação levada a cabo durante a Volvo Ocean Race, a mais importante regata de volta ao mundo. O estudo comprova que há níveis calamitosos de micropartículas de plástico nas águas do mar e que a poluição do plástico já se espalhou a todos os oceanos do mundo, noticia a Sky News.

Na frota da Volvo Ocean Race, que termina em Haia esta semana, há um iate com bandeira portuguesa, o Turn The Tide On Plastic. A bandeira nacional entra por via do investimento do empresário português do setor da aviação Paulo Mirpuri e da sua Fundação Mirpuri.

Inerente a este projeto competitivo há uma mensagem de defesa da sustentabilidade dos mares. Daí o nome da equipa e do veleiro português, que se pode traduzir por "Virar A Maré Ao Plástico". O objetivo é alertar consciências para os perigos da poluição oceânica, já que se corre o risco de um dia haver mais plástico nos mares do que peixe.

O Turn The Tide On Plastic juntou-se à campanha Sky Ocean Rescue, da Sky News, que alerta para a necessidade de limpar os oceanos do mundo. Os perigos que a tripulação teve de enfrentar para recolher as amostras dos oceanos são revelados num novo documentário da Sky News, intitulado “Turn The Tide On Plastic”, que replica o nome do veleiro português.

De acordo com o canal britânico de televisão, amostras de água do mar recolhidas ao longo da jornada de 45 mil milhas (72 mil quilómetros), que estão a ser analisadas, revelam a presença de micropartículas de plástico em quase todo o lado, inclusive nas águas mais remotas do Oceano Austral ou Oceano Antártico.

No documentário, Luiza Mirpuri refere que as descobertas são devastadoras.

Será catastrófico, não agora, mas para a terceira geração, porque cada vez temos mais doenças, doenças novas provenientes de novos poluentes (…). Estamos a ter mais cancro, mais doenças alérgicas, mais infertilidade. Somos menos férteis do que os nossos avós", afirma.

A especialista avisa que o plástico “está lentamente a matar a raça humana".

Outros cientistas são mais comedidos nas conclusões, mas partilham as mesmas preocupações porque as micropartículas de plástico são consumidas pelos peixes que, por sua vez, são consumidos pelos seres humanos.

Na verdade, não sabemos a extensão do risco no momento”, diz à Sky News Malcolm Hudson, cientista ambiental da Universidade de Southampton. "Mas [...] chegará uma altura em que haverá tanto plástico no oceano que enfrentaremos perigos que poderão pôr em risco a vida humana", acrescenta.

A equipa do Turn The Tide On Plastic detetou 26 micropartículas de plástico por cada metro cúbico de água do mar, mesmo nas águas remotas do Oceano Antártico, a centenas de quilómetros da costa.

Os índices mais elevados de poluição do plástico foram registados perto de grandes centros populacionais. Os velejadores detetaram 307 micropartículas por metro cúbico no Mediterrâneo ocidental no início da regata. A concentração mais elevada foi registada no Mar do Sul da China, perto de Hong Kong, onde encontraram 349 micropartículas por metro cúbico.

A velejadora que recolheu a maior parte das amostras espera que as conclusões do estudo venham efetivamente a “virar a maré contra o plástico”.

"Tenho orgulho de fazer parte disto [da investigação]", diz Liz Wardley, membro da equipa do Turn The Tide On Plastic. "Estou triste com os resultados, mas ao mesmo tempo é por causa de nós que eles [os cientistas] os têm. E isso é uma grande conquista", remata.

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