Nave espacial russa em órbita quase duas semanas: e depois? - TVI

Nave espacial russa em órbita quase duas semanas: e depois?

Nave espacial Progress M-27M

Queda de alguns fragmentos é dada como certa, mas a entrada na atmosfera deverá destruir grande parte da nave com sete metros de comprimento. Na Internet, é possível seguir a órbita da Progress 59

Relacionados
A nave espacial russa não tripulada, que está a cair em direção à terra, pode ficar em órbita durante quase duas semanas. Depois disso, a queda de fragmentos é dada como certa. Ainda assim, alguns especialistas já vieram afastar o perigo para as populações lembrando que as áreas urbanas representam apenas 3% do planeta Terra. 

A estimativa de que a nave espacial, a Progress 59, pode ficar em órbita uma semana e meia no máximo, foi dada por Thomas Reiter, diretor de voos espaciais na Agência Espacial Europeia, citado pelo jornal The Guardian.

O responsável explicou que a entrada destas naves na atmosfera terrestre é normalmente controlada remotamente e direcionada para o pacífico sul. Assim, evita-se que qualquer fragmento, que sobreviva à entrada na atmosfera, caia no solo. Neste caso, como os controladores não conseguem aceder à nave e controlar a entrada na atmosfera, alguns fragmentos podem mesmo chegar a terra.

“Nem tudo vai arder e se for uma entrada descontrolada então vai haver fragmentos que vão atingir a superfície. Isto se os meus colegas não conseguirem ganhar controlo, o que deverá acontecer durante uma semana, uma semana e meia no máximo”


Thomas Reiter explicou ainda ao jornal, que o Centro Espacial Europeu, em Darmstadt, tem instruções para controlar a nave e prever quando e onde irá cair, preparando também um eventual resgate.

Alguns sites na Internet estão já a monitorizar o percurso da nave espacial que viaja a 7.4 quilómetros por segundo.



Apesar da previsível aterragem no solo as probabilidades da queda ser um perigo para a população é escassa. É preciso lembrar que mais de dois terços do planeta Terra está coberto de água e que apenas 3% está ocupado por áreas urbanas.

O editor de ciência do jornal britânico, lembra ainda que grande parte da nave irá arder ao entrar na atmosfera e que os compostos que “sobreviverem” vão, provavelmente, cair no oceano ou num dos grandes desertos do planeta. 

Um outro editor do jornal The Guardian fez as contas, com base num artigo de 2011, e concluiu que a probabilidade de alguém ser atingido pela nave espacial é de 1 para 3.200. 
 

Já esta tarde, a Nasa publicou na sua página uma breve atualização da situação, adiantando que irá providenciar mais informação.

“O acoplamento da nave espacial Progress 59 foi cancelado. Os controladores de voos espaciais russos continuam a avaliar o veículo e a planear o passo seguinte. Informação adicional será disponibilizadas assim que estiver disponível”.


Já a Agência Espacial Russa, Roskosmos, que deverá dar uma conferência de imprensa ainda esta quarta-feira, já admitiu que nave está descontrolada e adiantou que está trabalhar numa possível solução para precaver uma queda no solo.  

“Um acoplamento seguro com a Estação Espacial não é possível. Estamos a trabalhar em diferentes opções para uma aterragem na água”, disse Igor Komarov, chefe da Roskosmos,

Roscosmos admitiu ainda que a missão falhada vai custar mais de 46 milhões de euros.

Os astronautas Scott Kelly e Mikhail Kornienko, atuais membros da Estação Internacional, afirmaram à AFP que os controladores aéreos já desistiram de controlar a nave espacial.

“Nós deveremos ficar OK. O programa tem planos para este tipo de coisas que acontecem. É uma grande infelicidade quando acontecem, mas o importante é que o hardware pode ser substituído”, disse Scott Kelly. 


O foguetão Soyuz que levava a nave Progress 59 com mantimentos para a Estação Espacial Internacional foi lançado na terça-feira, mas as comunicações foram perdidas pouco depois. A nave espacial tem sete metros de comprimento e 2,5 toneladas de alimentos, água, combustível e outros suplementos.  Está em rotação com uma velocidade de 360 graus a cada cinco segundos e a viajar a mais de 25 mil quilómetros por hora. 
Continue a ler esta notícia

Relacionados

EM DESTAQUE