A Coca-Cola é uma das últimas marcas de renome a entrar num boicote à rede social Facebook. Grandes empresas estão a suspender a publicidade naquela plataforma, como meio de protesto contra aquilo que dizem ser a inação da companhia em relação à desinformação e ao discurso de ódio.
Segundo a Bloomberg, este tipo de bloqueio pode representar uma quebra nas receitas do Facebook avaliada em sete mil milhões de dólares (mais de seis mil milhões de euros).
O movimento surgiu na sequência do lançamento da hashtag #StopHateforProfit, impulsionada pela Liga Antidifamação e pela Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor.
O propósito era chamar a atenção dos grandes grupos económicos para que estes parassem a publicidade no Facebook, como veio a acontecer.
As empresas que aderiram ao boicote
A Unilever foi uma das primeiras grandes empresas a anunciar o boicote ao Facebook. A multinacional, com sede em Londres, detém marcas como a Ben & Jerry's, a Lipton ou Rexona. A decisão, anunciada a 26 de junho, baseia-se na intenção de "construir um ecossistema digital seguro e fiável".
O boicote, que também abrange as redes sociais Instagram e Twitter, estende-se até ao final do ano de 2020.
We have taken the decision to stop advertising on @Facebook, @Instagram & @Twitter in the US.
The polarized atmosphere places an increased responsibility on brands to build a trusted & safe digital ecosystem. Our action starts now until the end of 2020.https://t.co/flHhKid6jD pic.twitter.com/QdzbH2k3wx
— Unilever #StaySafe (@Unilever) June 26, 2020
À Unilever seguiram-se empresas como a Coca-Cola, a Starbucks, a Levi Strauss, a The North Face ou a Verizon.
Através de um comunicado, a marca de roupa Levi's disse mesmo que "o Facebook deve tomar medidas para parar a desinformação e o discurso de ódio nas suas plataformas".
É uma afronta inaceitável aos nossos valores. Nós e a Dockers juntamo-nos à campanha #StopHateforProfit e suspendemos todos os anúncios no Facebook e no Instagram", acrescenta a nota.
Facebook must take actions to stop misinformation and hate speech on its platforms. It is an unacceptable affront to our values. We and @Dockers are joining the #StopHateForProfit campaign and pausing all ads on @Facebook and @Instagram. https://t.co/yLZ066Zthu
— Levi's® (@LEVIS) June 27, 2020
Outras marcas que aderiram ao protesto são a Patagonia, a Hershey's, a Magnolia Pictures, a JanSport, a Honda ou a Diageo.
Através de uma conversa trasmitida online, o dono do Facebook, Mark Zuckerberg, anunciou que a empresa tem planos para proibir o discurso de ódio e proteger grupos minoritários.
Segundo a publicação Financial Times, o Facebook tem sofrido um duro revés no mercado de ações. No dia em que a Unilever anunciou o boicote, a cotação da rede social desceu quase 8%, e os dias seguintes têm sido marcados por sucessivas quedas na bolsa.
No total, são mais de 150 as marcas e empresas que se juntaram ao boicote, sendo que grande parte delas são de pequena dimensão. A grande mossa no Facebook é mesmo feita através do protesto das grandes multinacionais. Com efeito, o Financial Times refere que a Verizon e a Unilever pagaram 757 mil euros e 449 mil euros, respetivamente, em publicidade ao Facebook apenas nas três primeiras semanas de junho.