"Super Seis", os cães que estão a ser treinados para detetar a Covid-19 - TVI

"Super Seis", os cães que estão a ser treinados para detetar a Covid-19

  • Bárbara Cruz
  • 22 mai 2020, 10:43
Os Super Seis que vão tentar detetar a Covid-19 através do olfacto

Centro britânico está a testar seis cães para cheirarem Covid-19 e detetarem a infeção até em doentes assintomáticos

O Medical Detection Dogs é um centro britânico especializado em treinar cães para detetarem doenças. Há mais de dez anos que os animais têm sido incentivados a usarem o seu desenvolvido sentido de olfato para assinalarem doenças com cancro, malária ou até Parkinson. Perante a pandemia, os responsáveis da organização decidiram iniciar um projeto para tentar detetar casos de Covid-19

O nosso objetivo é que os nossos cães para detetar Covid-19 consigam detetar de forma passiva, sem contacto físico, em qualquer indivíduo, incluindo os assintomáticos", explica o site da organização.

Se a nossa investigação for bem sucedida, os cães para detetar Covid-19 podiam ser colocados em aeroportos ou outros locais para analisarem um grande número de pessoas, oferecendo uma deteção não invasiva rápida da Covid-19. Um único cão pode analisar até 250 pessoas por hora", referem. 

Se os cães conseguirem efetivamente detetar doentes com Covid-19, seria possível "prevenir uma segunda onda da doença depois de estar controlada a pandemia", assinala o site da Medical Detection Dogs, que já apresentou os cães que está a treinar para cheirarem o vírus. Chamou-lhes os "Super Seis": Norman tem dois anos e é um Cocker Spaniel,  Digby tem 20 meses e é um Labradoodle, Storm tem três anos e é cruzado de Labrador e Golden Retriever, Star tem dois anos e também é Labrador, Jasper tem um ano e é Cocker Spaniel e Asher é um Cocker Spaniel com dois anos. 

 

O estudo está a ser coordenado por investigadores da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres que, em colaboração com outros cientistas da Universidade de Durham, já demonstraram que os cães são capazes de detetar a malária, num estudo publicado na Lancet Infectious Diseases, publicação científica dedicada às doenças infecciosas. Outras pesquisas indicam que os cães são capazes de detetar alterações nos níveis de glicose ou até infeções bacterianas, pelo que os peritos decidiram tentar perceber se estes também conseguem aperceber-se do SARS-CoV-2.

"Estes resultados suportam a convicção de que cada doença tem um odor único que os cães conseguem detetar. Acreditamos que têm o potencial para detetar o odor de Covid-19 porque demonstraram que são capazes de identificar corretamente outras patologias e infeções. Ainda não sabemos se a Covid-19 tem um odor específico, mas pensamos que sim, e se for assim temos confiança de que eles vão detetá-lo", disse ao El País a porta-voz do Medical Detection Dogs. 

Os Super Seis serão assim sujeitos a um treino intensivo entre oito a dez semanas, usando amostras fornecidas pelos hospitais públicos britânicos, nomeadamente máscaras de proteção. "Não vamos usar tecidos humanos", garante a organização.

O Governo britânico financia a parte inicial do projeto com meio milhão de libras (cerca de 550 mil euros) e, caso haja bons resultados, os cães serão colocados em situações reais para confirmar as capacidades de deteção de Covid-19. 

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