«É mais negro que o carvão», lia-se na declaração, emitida em setembro pelos cientistas de Rosetta, a nave espacial da Agência Espacial Europeia (ESA).
Mas a fotografia a cores, partilhada pela equipa de investigadores encarregue de OSIRIS, uma das câmaras incorporadas na sonda Rosetta, está a criar dúvidas sobre se aquelas se tratam das verdadeiras cores do cometa ou se a fotografia terá sido feita de forma a destacar determinadas características da sua geologia.
«A imagem não retrata a cor real, é uma composição em que se realçam certas cores», afirma Miguel Pérez Ayúcar, cientista da missão Rosetta.
A maioria das fotografias vistas até agora eram da «Rosetta Navcam», uma câmara com uma tecnologia antiga, que tira apenas imagens monocromáticas. A nova imagem foi criada usando fotografias tiradas pela câmara OSIRIS, que embora não possa sentir a cor, usa filtros nos sensores.
«Trata-se de uma composição de três imagens de OSIRIS, que foram feitas com filtros vermelho, verde e azul», explica Michael Kueppers, coordenador de operações científicas no Centro de Astronomia Espacial da ESA de Villanueva de la Cañada (Madrid), ao jornal espanhol El Mundo.
O contraste entre o vermelho e outras cores é excessivo porque «o objetivo é mostrar a diferença de cor na superfície. É verdade que o cometa é vermelho escuro. É muito escuro, mas ao mesmo tempo é vermelho, pois reflete mais luz vermelha do que azul», explicou o cientista Kueppers.
A sonda Rosetta entrou em órbita a 6 de agosto e o robô Philae, que levava a bordo, aterrou na superfície do cometa a 12 de novembro.