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Cancro: descoberta anima investigadores lusos

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Portugueses identificam mecanismo viral associado ao desenvolvimento de linfomas

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Investigadores portugueses identificaram um mecanismo viral associado ao desenvolvimento de tumores malignos resultantes da proliferação desordenada de linfócitos, chamados linfomas, num estudo publicado online pela revista EMBO, da Organização Europeia de Biologia Molecular (EMBO), refere a Lusa.

O mecanismo descrito neste trabalho de quatro anos - dirigido por Pedro Simas, do Instituto de Medicina Molecular (IMM) da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa - explica a persistência do vírus herpes no hospedeiro infectado, onde induz a proliferação de linfócitos B (Células do sistema imunitário) associada ao linfoma.

«Estamos muito entusiasmados com este estudo, porque tem um potencial de aplicação prática enorme», disse Pedro Simas.

Determinados linfomas estão associados à imunodepressão porque quando uma pessoa é imunodeprimida, por ter recebido um transplante de órgão ou de medula óssea, ou por estar infectada com HIV, este tipo de vírus ataca os linfócitos B, provocando a sua proliferação desordenada, explicou o investigador.

A equipa descobriu em experiências com modelos animais uma proteína da célula B do hospedeiro, chamada NF-kb, que tem de estar desactivada para que o vírus consiga induzir lifoproliferação e, portanto, o linfoma.

«Temos agora uma janela de intervenção para testar esta descoberta em humanos, irmos aos linfomas associados à infecção por Epstein-Barr em humanos e saber se a proteína está ou não inactivada», afirmou.

A próxima etapa desta equipa de investigadores consistirá em recolher material biológico em pacientes do Hospital Santa Maria, que tem uma ligação privilegiada com a Faculdade de Medicina, e analisar a situação dessa proteína nas células, adiantou Pedro Simas.

No seu entendimento, «tudo indica que, em princípio, estará inactivada».

Essa verificação é importante porque, segundo o investigador, «há imensos fármacos que podem activar ou desactivar esta proteína, o que dá uma possibilidade de intervenção terapêutica, de controlar as linfoproliferações induzidas por estes vírus e reconstruir o sistema imunológico».

Entre 1 a 10 por cento dos pacientes submetidos a transplantes de órgãos sólidos ou de medula óssea estão em risco de desenvolver este tipo de linfoproliferação associada ao linfoma.

O trabalho foi desenvolvido na Unidade de Patogénese Viral do IMM e contou com a colaboração de investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência e de um investigador da Cornell University, EUA.

Pedro Simas dirige desde 2004 a Unidade de Patogénese Viral do IMM e é professor associado da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

Doutorou-se e fez pós-doutoramento em Patogénese Viral na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, tendo ingressado em 1999 no Instituto Gulbenkian de Ciência, a que continua ligado.

A sua equipa, de sete investigadores, tem como principal objectivo o estudo dos mecanismos moleculares de persistência dos vírus herpes para compreender melhor a sua patogenicidade e desenhar estratégias terapêuticas de combate às infecções virais.
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