Depressão: será que cura está em largar os comprimidos? - TVI

Depressão: será que cura está em largar os comprimidos?

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Um estudo britânico aponta que a terapia cognitiva e comportamental pode ser tão útil como os antidepressivos. «Mindfulness» para além da moda, uma opção de vida

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«Uma em cada quatro pessoas em todo o mundo sofre, sofreu ou vai sofrer de depressão. Um em cada cinco utentes dos cuidados de saúde primários portugueses encontra-se deprimido no momento da consulta», refere o Ministério da Saúde português num estudo.

O desemprego ou algumas profissões são ambas causadoras de stress e, consequentemente, exemplos de casos de depressão. Mas há mais fatores que levam a um estado depressivo e chegam aos médicos de família todos os dias.

Afeta mais mulheres do que homens, mas, a solução, nos dois sexos, passa quase sempre pela toma de medicamentos, uma indústria que tem crescido exponencialmente nos últimos anos, como constatou o britânico «The Guardian», que esta quinta-feira faz menção a um estudo revolucionário publicado na revista médica «The Lancet». Ou seja, se calhar, os deprimidos não precisam de tomar comprimidos. Se calhar, podem deitar fora os antidepressivos. E a cura pode estar na terapia cognitiva «Mindfulness». O poder da mente. 

O professor Roger Mulder, de uma universidade nova zelandesa, conclui precisamente isso: que a cura da depressão não está nos «comprimidos da felicidade», mas dentro das pessoas e que esta terapia, nomeadamente em grupo, pode ser uma boa alternativa e mais barata para os serviços nacionais de saúde.

«Mindfulness», numa tradução livre, significa libertar a mente de tudo. Mas, antes é preciso compreender e aceitar o que nos vai na mente. Um estudo que envolveu mais de 400 britânicos com diagnóstico depressivo concluiu que a taxa de recaída foi praticamente a mesma naqueles que recorreram apenas à terapia e naqueles que continuaram a tomar medicamentos antidepressivos. Um grupo livre de antidepressivos fez oito sessões de grupo e mais quatro opcionais durante um ano e gradualmente largou a medicação, ao passo que os outros necessitaram de se manterem medicados durante dois anos.

Os britânicos que seguiram o programa mostraram-se satisfeitos na reportagem do «The Guardian», revelando que certos efeitos colaterais como afetos às dores de estômago ou até mesmo o apetite sexual saíram a «lucrar» com a terapia.

Mark Williams que desenvolveu a teoria juntamente com investigadores da Universidade de Cambridge, em Inglaterra, e Toronto no Canadá, resume o programa a uma terapia que nos ajuda a aceitar o presente e a partir daí saber lidar com os problemas, fechando a porta do passado e controlando os pensamentos negativos. O livro de Mark Williams, recentemente traduzido em português, está no top de vendas das livrarias.

Mas, há um senão no estudo, que o jornal britânico chama a atenção: nem todos conseguem manter a regularidade da terapia.

«A depressão é a principal causa de incapacidades e a segunda causa de perda de anos de vida saudáveis entre as 107 doenças e problemas de saúde mais relevantes. Os custos pessoais e sociais da doença são muito elevados», pode ler-se no Portal da Saúde.
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