"Brilho fantasmagórico no céu" originou descoberta de uma galáxia especial - TVI

"Brilho fantasmagórico no céu" originou descoberta de uma galáxia especial

Galáxia NGC 1052-DF2

Estudo publicado na revista científica "Nature" prova a descoberta da primeira galáxia "sem matéria escura", que é o principal constituinte das galáxias

Cientistas asseguram ter descoberto a primeira galáxia sem "matéria escura", a principal constituinte das galáxias.

O principal autor da investigação que foi publicada na revista científica Nature, Pieter van Dokkum, diz que esta descoberta "desafia as teorias habituais sobre a formação das galáxias". A equipa liderada pelo astrónomo começou esta pesquisa com o objetivo de analisar mais de perto galáxias grandes e ultra-difusas, mas acabou por se deparar com uma galáxia diferente e que lhes chamou à atenção pelo brilho que emite.

Esta é a galáxia NGC 1052-DF2, ou DF2 de forma abreviada, e os cientistas já sabiam que ela pertencia às galáxias grandes e ultra-difusas, mas desconheciam a composição da mesma. Ao estudarem-na chegaram à conclusão que não continha matéria escura.

Pieter van Dokkum explica o que lhe chamou à atenção: "Olhei muito para a imagem e fiquei maravilhado com ela. É como um brilho fantasmagórico no céu".

Esta galáxia contém muito poucas estrelas, mas muitas delas estão agrupadas, emitindo imenso brilho e luz, e compõe quase toda a massa da galáxia.  Assim sendo, não existe espaço para a matéria escura.  

Michelle Collins, físico da Universidade de Surrey, que não participou do estudo, analisou-o e mostrou-se surpreendido: "Há cerca de cinco vezes mais matéria escura numa galáxia do que a matéria comum." 

E a descoberta torna-se ainda mais relevante porque questiona a forma como a galáxia se mantém unida, já que essa é a função da "matéria escura".

 A matéria escura costuma ser considerada uma parte integrante das galáxias, é a cola que as mantém juntas e o andaime subjacente sobre o qual se constroem", resume a coautora do estudo Allison Merritt, da Universidade de Yale, citada num comunicado do Observatório Europeu do Sul.

Roberto Abraham, da Universidade de Toronto, reforça a importância da descoberta: "Pensava-se que todas as galáxias tinham matéria escura. Numa galáxia deste tamanho deveria haver 30 vezes mais matéria escura que matéria comum. Em vez disso descobrimos que não havia nenhuma matéria escura. Isso não deveria ser possível."

O Dr. Richard Massey, físico da Universidade de Durham, concorda: "Estou realmente muito impressionado com o trabalho e aproveito as conclusões para dizer que devemos analisar esses objetos por muito mais tempo.", disse ele à BBC News.

A explicação para esta galáxia ser diferente de todas as outras pode estar na sua génese, mas até ao momento não foi estudada. Aliás, a formação das galáxias é ainda um tema com muito pouca informação no mundo científico.

A galáxia DF2 encontra-se a 65 milhões de anos-luz da Terra e é maior que a Via Láctea, mas tem 250 vezes menos estrelas.

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