A sonda chama-se Osiris-Rex e tem uma missão, aparentemente, simples: descer até ao asteroide Bennu, que tem 500 metros de largura, e manter contacto durante escassos segundos. Durante esse breve período, vai ativar uma espécie de "aspirador ao contrário", que levantará rocha e poeiras, e estas ficarão armazenadas em segurança, até chegarem à Terra em setembro de 2023.
Assim descrita, a manobra poderia parecer simples de concretizar, não estivéssemos a falar de algo que vai acontecer quando sonda e asteroide estiverem no espaço a 330 milhões de quilómetros da Terra. Para maior dificuldade, a superfície do asteroide é rugosa e cheia de pedras, pelo que a sonda terá de aproximar-se num local específico, para não ter sofrer qualquer choque ou colisão, e este local, batizado de "Nightingale" (rouxinol em português), tem apenas oito metros de largura.
A sonda vai aproximar-se do asteroide esta quarta-feira quando forem exatamente 23:15 em Lisboa. O objetivo é capturar pelo menos 60 gramas de amostras da superfície do asteroide, mas os cientistas da NASA acreditam que é possível trazer até um quilo; a correr bem, seria a maior recolha de material extraterrestre desde que os astronautas da Apollo trouxeram rochas da Lua, há 50 anos.
O asteroide, que é do tamanho do edifício do Empire State Building, deverá ainda reter muita da química presente quando se formou o Sistema Solar, há mais de 4,5 mil milhões de anos.
Estimamos que o nosso tempo na superfície seja entre cinco e dez segundos antes da sonda se afastar com as amostras em segurança", disse Sandra Freund, diretora de operações da Lockheed Martin Space, que construiu a Osiris-Rex, citada pela BBC.
No entanto, só vários dias depois do contacto é que a NASA poderá confirmar se a missão foi ou não bem sucedida e qual a quantidade de material recolhida do Bennu. Caso a sonda não consiga recolher qualquer material na primeira tentativa, os cientistas já definiram uma segunda localização possível de contacto, à qual chamaram Osprey (águia-pesqueira).