A investigação, publicada no jornal Current Biology, estudou três sociedades de caçadores-recoletores e caçadores-horticultores, em África e na Bolívia. Os cientistas descobriram que estes se deitavam horas depois do sol se ter posto, mesmo sem terem distrações como a televisão, a Internet ou as redes sociais.
Os investigadores acreditam que os padrões humanos de sono no mundo industrializado são semelhantes aos dos nossos antepassados e que hoje em dia podemos estar a exagerar na importância que damos às horas dormidas.
“As pessoas estão sempre a dizer que dormimos muito menos do que era costume e que isso começou com a luz elétrica. Costumam dizer que é suposto estarmos a dormir quando está escuro”, disse Jerome Siegel, psiquiatra da Universidade da Califórnia. “Mas como é que isso pode estar baseado em dados? Só conseguimos começar a medir quanto dormimos, como deve ser, nos últimos 50 anos”.
O estudo serviu para comprovar que as sociedades ocidentais dormiam tanto como as pessoas nos países menos avançados. Para tal, foram analisados membros das tribos Hadza, na Tanzânia, San, na Namíbia, e Tsimane, na Bolívia. Depois de seguir os padrões de sono de 94 pessoas, durante 28 semanas, concluiu-se que todos os grupos só iam dormir cerca de três horas e 20 minutos depois do sol se pôr.
Para além disso, em média, as pessoas dormiam apenas seis horas e 25 minutos.
“Há esta expectativa de termos de dormir oito a nove horas por noite e que se tirássemos a tecnologia moderna as pessoas iam dormir mais. Estamos a mostrar que isso não é verdade”, afirmou Gandhi Yetish, um dos autores da investigação, em entrevista ao The Guardian.
Jerome Siegel acredita que esta expectativa pode ser perigosa, uma vez que “se a pessoa for ao médico dizer que precisa de dormir mais, eles vão dar-lhe a receita de comprimidos para dormir”. A utilização destes medicamentos já foram ligados, em vários estudos, a mortes prematuras.