Novo estudo prova que nunca é tarde para se deixar de fumar - TVI

Novo estudo prova que nunca é tarde para se deixar de fumar

  • Sofia Santana
  • 30 jan 2020, 11:04
Tabaco

Investigação revela que deixar de fumar permite que, ao longo do tempo, apareçam células saudáveis nos pulmões para substituir as células danificadas pelo tabaco

Se é fumador e quer deixar o vício, este pode ser o impulso que lhe faltava: um novo estudo revela que deixar de fumar permite que, ao longo do tempo, apareçam células saudáveis nos pulmões para substituir as células danificadas pelo tabaco. Os cientistas não têm dúvidas: nunca é tarde para se deixar de fumar.

Este novo estudo, publicado na revista científica Nature, indica que o corpo parece criar um reservatório de células saudáveis que substituem as células danificadas pelo tabaco nos pulmões a partir do momento em que se deixa fumar. 

Alguns indivíduos que participaram no estudo fumaram, durante toda a sua vida, mais de 15.000 maços de cigarros. Mas depois de alguns anos de deixarem o vício, muitas das células das vias respiratórias não mostravam qualquer sinal de danos causados pelo tabaco.

Peter Campbell, um dos autores da investigação, realizada no instituto britânico “Wellcome Sanger Institute”, destacou que estas conclusões mostram que nunca é tarde para deixar os cigarros.

Pessoas que fumaram muito durante 30 ou 40 anos dizem frequentemente que é muito tarde para deixar de fumar porque os danos já estão feitos. Mas este estudo mostra-nos que nunca é tarde para deixar de fumar”, frisou o cientista à AFP.

O estudo analisou biópsias de pulmões de 16 pessoas, entre fumadores, ex-fumadores, adultos que nunca fumaram e crianças. O objetivo foi tentar perceber as mutações que podem originar cancro do pulmão.

Há mudanças genéticas nas células que são normais e que fazem parte do processo de envelhecimento. Mas uma mutação no gene errado, na célula errada, pode “mudar dramaticamente o comportamento das células e instruí-las a comportarem-se mais como um tumor”, explicou Campbell.

Se houver uma grande acumulação de mutações genéticas, a célula vai-se tornar uma célula cancerígena.”

O estudo descobriu que, nos fumadores, nove em cada dez células dos pulmões têm mutações, incluindo as que podem causar cancro.

Mas em ex-fumadores, muitas dessas células com mutações foram substituídas por células saudáveis semelhantes às que existem em pessoas que nunca fumaram. Mais de 40% das células pulmonares de ex-fumadores são saudáveis.

Campbell explicou que as células danificadas pelo tabaco “não se curam por magia a si próprias”. O que acontece é que são substituídas por células saudáveis, que não foram atingidas pelo tabaco.

Os investigadores acreditam que o corpo cria uma espécie de reservatório de células saudáveis, que fica à espera da sua oportunidade para surgir. Mas o mecanismo através do qual isto se processa ainda não é claro.

O cancro do pulmão é o mais mortal em Portugal e no mundo. 

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