Vinte lampreias equipadas com transmissores estão a servir de teste para a monitorização da escada passa-peixes, um dispositivo de passagem instalado no rio Tejo. Trata-se de uma experiência integrada na investigação denominada “Avaliação da Transponibilidade do Açude Insuflável de Abrantes à Migração Piscícola”.
Em declarações à agência Lusa, Bernardo Quintella, investigador do MARE - Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, disse que as lampreias "têm uma capacidade nadatória inferior às outras espécies". Daí que, se as lampreias ultrapassarem o açude neste período de desova, as outras espécies também o conseguirão fazer.
É esse estudo que estamos a fazer através do acompanhamento das 20 lampreias", disse aquele responsável, após ter colocado um dispositivo num dos ciclóstomos, que seria depois libertado a cerca de um quilómetro a jusante do açude de Abrantes, no distrito de Santarém.
Depois de marcadas com um transmissor externo implantado na barbatana dorsal, o trabalho encomendado pela autarquia ao MARE vai permitir "estudar o comportamento do animal na proximidade do açude" e também na própria escada-peixe atualmente existente.
Aferir da sua capacidade de atratividade para os peixes irem para lá e subirem o rio através daquela passagem", é o propósito da avaliação.
Câmara aguarda resultados
A presidente da Câmara Municipal de Abrantes, por sua vez, disse que o trabalho encomendado ao MARE "resulta da necessidade de avaliar a transponibilidade do açude insuflável" de Abrantes à migração piscícola, "de modo a não obstaculizar a dinâmica das espécies piscícolas migratórias que necessitam de se deslocar para zonas de montante, no rio Tejo, para efeitos de reprodução".
Pretende-se, segundo diz, "assegurar as condições plenas para o ecossistema funcionar", daí o objetivo de "instalar no açude um sistema de monitorização da passagem de peixes".
É uma das condições para a autarquia terminar o processo de licenciamento do açude" insuflável, inaugurado em 2006 no rio Tejo, salientou a autarca Maria do Céu Albuquerque.
Quando o açude foi feito não havia essa possibilidade, não havia ainda no mercado e hoje já é possível implementar esse sistema" [de monitorização das espécies], afirmou, tendo feito notar que o estudo em curso, e cujos resultados deverão ser conhecidos entre maio e junho, "vai permitir monitorizar o percurso migratório das espécies e perceber se é necessário efetuar algumas alterações à escada passa-peixes existente, no sentido de assegurar as condições plenas para que o ecossistema possa funcionar".