Maioria dos doentes com cancro retal pode evitar "cirurgia agressiva" - TVI

Maioria dos doentes com cancro retal pode evitar "cirurgia agressiva"

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  • 11 dez 2020, 23:44
Saúde (Foto Cláudia Lima da Costa)

Estudo revela que tratamentos reduzem o peso da doença na qualidade de vida dos doentes

Um estudo internacional, envolvendo médicos do Centro Clínico Champalimaud, indica que doentes com cancro retal poderão ser submetidos a um tratamento que evite a “cirurgia agressiva”, reduzindo o peso da doença na sua qualidade de vida.

Publicado na revista médica The Lancet Oncology, o estudo chega à conclusão de que, num futuro próximo, a maioria dos doentes “poderá evitar uma cirurgia agressiva e, em vez disso, aderir a um protocolo de radio e quimioterapia, seguido de alguns anos de estreita vigilância médica”, anunciou hoje a Fundação Champalimaud.

Se esses doentes não tornarem a apresentar, nos primeiros anos a seguir ao tratamento, sinais da sua doença, o estudo conclui que a probabilidade de verem o seu tumor reaparecer localmente ou levar ao desenvolvimento de metástases em locais distantes do corpo é baixa”, refere a fundação.

Segundo a mesma fonte, essa terapêutica não invasiva, o protocolo “Watch-and-Wait” (Vigiar e Esperar), que “reduz drasticamente o peso da doença sobre a qualidade de vida dos doentes, tem vindo a acumular resultados promissores no tratamento destes tumores”.

O estudo agora publicado na revista da especialidade por investigadores de Portugal, do Brasil, do Reino Unido e dos Países Baixos analisou os casos de cerca de 800 doentes que tiveram cancro retal entre 1991 e 2015 e que foram submetidos a esse tratamento não invasivo em vez de serem sujeitos a cirurgia.

Este estudo pretendeu determinar se estes doentes devem ser submetidos a seguimento médico durante toda a vida ou apenas durante um certo tempo.

Quase 70% desses doentes – aqueles que permaneceram livres de novos tumores e de metástases nos dois ou três anos seguintes – poderiam ter mudado para um acompanhamento clínico menos estrito e até ter dispensado tratamentos oncológicos adicionais”, refere a Fundação Champalimaud.

Durante vários anos, o tratamento disponível para o cancro retal consistia na cirurgia, que poderia incluir uma colostomia permanente, obrigando o doente a usar, ao longo da sua vida, um saco ligado ao intestino para evacuação das fezes.

De acordo com a fundação, o protocolo “Watch-and-Wait” prevê a realização, oito a dez semanas após as sessões de radioquimioterapia, de uma série de testes de diagnóstico antes de decidir a necessidade da cirurgia.

Caso a resposta clínica do doente seja “completa, se não for detetado um tumor nos vários exames realizados, o doente poderá optar por integrar o protocolo “Watch-and-Wait”, refere a Fundação Champalimaud.

“A nossa área de investigação precisa de dados do mundo real para determinar com que tipo de vigilância ativa e durante quanto tempo estes doentes devem ser observados”, referiu Laura Fernández, da Fundação Champalimaud e coautora do estudo, para quem o artigo agora publicado fornece “informação crucial para guiar os clínicos no aconselhamento dos doentes com cancro retal”.

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