Alexandre Quintanilha denuncia agravamento das condições para a Ciência - TVI

Alexandre Quintanilha denuncia agravamento das condições para a Ciência

Aumenta o desemprego de doutorados e a emigração de investigadores altamente qualificados

O investigador Alexandre Quintanilha, que integra a Comissão Executiva do Conselho dos Laboratórios Associados, denunciou o crescente agravamento das condições para a Ciência em Portugal, o aumento do desemprego de doutorados e a emigração de investigadores altamente qualificados.

O investigador critica a decisão do Governo de «reduzir drasticamente» o financiamento estratégico plurianual das instituições de investigação em 2013, embora os fundos para a Ciência pouco tivessem diminuído.

O Conselho dos Laboratórios Associados considera que «a viabilidade das instituições e das suas apostas estratégicas fica, assim, seriamente comprometida».

«Um novo governo tem toda a legitimidade para introduzir alterações significativas de estratégia, mas estas seriam muito mais bem justificadas se fossem feitas depois de avaliações exigentes aos Laboratórios Associados (LAs) e às Unidades de Investigação», considerou Alexandre Quintanilha, em declarações à agência Lusa.

Em seu entender, «o corte indiscriminado de 25% no financiamento para 2013 a todos os LAs, independentemente do seu nível de financiamento atual (quando alguns LAs têm financiamentos muito mais elevados do que outros), não parece justo».

«Os cortes adicionais (ao referido de 25%), em alguns casos, foram da ordem de mais 20%. Para além disso, suspeitar que os LAs não sabem selecionar os seus investigadores e passar esse processo de seleção para a Fundação Ciência e Tecnologia (FCT) é não só algo paternalista como injusto na grande maioria de casos», acrescentou.

E frisou: «Se havia essa suspeita em relação à capacidade de seleção de investigadores em alguns LAs, essa conclusão deveria ser o resultado da mesma avaliação rigorosa e exigente».

De acordo com o CLA, no concurso para Investigador FCT lançado em 2012, «o Governo excluiu as universidades e as instituições científicas da avaliação e seleção dos investigadores cuja contratação financiará, rompendo, não só com a prática estabelecida, como com o que é prática em praticamente todos os países europeus e nos EUA».

O CLA afirma também, num comunicado enviado à Lusa, que o governo prevê financiar a contratação, em 2013, de um número muito menor de investigadores do que o dos que terminam os seus contratos.

Refere que o conjunto de medidas e práticas implementadas têm estado a conduzir a «mudanças indesejadas e lesivas» para as instituições de ciência, sem que se conheça qualquer reflexão estratégica envolvendo os principais atores que compõem o sistema: as universidades e as instituições de investigação.

«Não é aceitável que, às já dificílimas e adversas condições de financiamento e do insuportável peso burocrático atuais, se venha agora acrescentar o absurdo de fazer tábua rasa de instituições científicas que levaram décadas a desenvolver-se», disse.

Isto «para impor um experimentalismo desprovido de qualquer modelo de suporte, assente na ideia aparentemente atraente mas simplista de que a ciência se faz apenas com pessoas excelentes, mesmo que isoladas e permanentemente móveis, sem instituições científicas qualificadas, robustas e estáveis que potenciem as suas capacidades, ofereçam sustentabilidade ao seu trabalho e criem valor para a sociedade a partir do que ela investe em ciência», acrescenta.

A comissão executiva do Conselho dos Laboratórios Associados (CLA) foi recentemente recebida, a seu pedido, pelo Ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato.

Durante a reunião, segundo o CLA, não foram dadas, pelo ministro, garantias de modificação da atual situação, nem foram avançadas explicações satisfatórias. Registam-se apenas as suas declarações de apoio à Ciência e o esforço meritório da FCT para recuperar os atrasos nos pagamentos às instituições, até há pouco tempo completamente estranguladas financeiramente.
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