E se fosse de bicicleta de bambu para a escola? - TVI

E se fosse de bicicleta de bambu para a escola?

Centenas de estudantes de São Paulo usam este tipo de veículo

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Cerca de 700 estudantes da rede municipal de ensino de São Paulo, entre 12 e 14 anos, usam bicicletas de bambu para se deslocarem juntos para os Centros Educacionais Unificados (CEUs), num projeto da prefeitura brasileira.

De acordo com a lusa, o programa, desenvolvido pela Secretaria Municipal da Educação neste ano, inclui atualmente 700 crianças de 12 diferentes centros educacionais, e prevê contemplar 4.600 estudantes até o fim do ano, num investimento de 3,1 milhões de reais (1,2 milhões de euros).

As bicicletas são feitas com o bambu cana-da-índia numa fábrica no CEU Jardim Paulistano, no extremo norte da capital paulista. Ao todo, 12 funcionários, contratados na comunidade local, selecionam os pedaços adequados de bambus, lixam-nos, e colam-nos em junções de alumínio, seguindo um molde.

«O nosso conceito de sustentabilidade envolveu tanto a cultura da bicicleta como o uso de um material reciclável que pudesse ser manuseado por nós mesmos, com a nossa pedagogia», explicou à Lusa o coordenador do projeto, Daniel Guth.

Os guiadores, as rodas e as mudanças da bicicleta são montados numa outra fábrica, numa cidade do interior de São Paulo. Segundo Guth, o uso do bambu diminui em dois terços a quantidade de alumínio da bicicleta.

O veículo de madeira, inédito no Brasil, foi criado em 1995 pelo designer Flávio Deslandes, que hoje desenvolve os seus projetos na Dinamarca, país que tem uma forte cultura de uso de bicicletas como transporte.

Antes de terem a bicicleta para pedalar entre casa e escola, os estudantes fazem um curso sobre regras de trânsito e sobre como usar o veículo durante um mês, ministrado pelos mesmos monitores que os seguirão, todos os dias, no trajeto.

«Passamos para eles que é necessário ter cuidado com os carros, peões e buracos, e ensinamos a seguir nossos gestos», afirmou à Lusa David Danilo dos Santos Silva, monitor do CEU Jardim Paulistano.

Os grupos possuem entre 15 e 25 crianças, que moram entre 500 metros e três quilómetros de distância da escola.

Durante o trajeto, há um ponto de encontro, para os primeiros estudantes se unirem aos dois monitores. Os outros membros do grupo juntam-se pouco a pouco, pelo caminho.

A Lusa acompanhou o grupo do CEU Jardim Paulistano, no qual os ciclistas pedalam com capacete e colete refletor, sempre atentos aos gestos do monitor, ora em fila indiana (um atrás do outro), ora em pelotão, a depender das características da rua.

A estudante Bianca Fernandes, 13 anos, contou que teve medo quando soube que as bicicletas eram de bambu. «Tive vergonha, e pensei que podiam quebrar», disse à Lusa. Três semanas após integrar o projeto, mudou de ideias.

As bicicletas de bambu aguentam até uma tonelada e meia sobre sua estrutura, e têm um tempo de vida útil de previsto de 20 anos, segundo a secretaria da Educação.

Além de chegar mais rápido à escola, Sandy Menezes, 14 anos, realça que fez novos amigos no grupo de bicicletas, e que se sente fisicamente melhor por conta do exercício. «O corpo está mais evoluído, mais leve, e eu aguento andar mais tempo sem me cansar», afirmou.
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