Novo dispositivo evita o desenvolvimento de insetos e fungos em produtos armazenados - TVI

Novo dispositivo evita o desenvolvimento de insetos e fungos em produtos armazenados

  • BM
  • 29 mar 2019, 16:21
Baratas (arquivo)

Ferramenta foi desenvolvida por investigadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP)

Investigadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) desenvolveram um dispositivo que, através da vaporização de óleos essenciais, “impede o desenvolvimento de fungos e insetos” em produtos secos armazenados como cereais ou leguminosas, revelou a responsável.

Em entrevista à agência Lusa, Margarida Bastos, membro do Laboratório de Engenharia de Processos, Ambiente, Biotecnologia e Energia (LEPABE) da FEUP e responsável pelo projeto ‘CROPEO’ explicou que foi “a elevada degradação de alimentos armazenados nos países subdesenvolvidos” que levou a equipa de 12 investigadores a trabalharem neste dispositivo.

Vemos várias Organizações Não Governamentais (ONG) a distribuírem alimentação em regiões onde as temperaturas são muito elevadas e onde a variação dos teores de humidade é grande. Os alimentos que, na maioria das vezes, são fechados em bidões de plástico quando expostos a esses fatores, estragam-se e quando vão a ser consumidos pela população já estão em avançado grau de degradação”, apontou a docente de química orgânica da FEUP.

Segundo Margarida Bastos, foi no âmbito do projeto ‘Microprotect’, iniciado em 2012 e do qual resultou uma patente internacional, que surgiu o ‘CROPEO’, projeto que tem como propósito dar “continuidade ao trabalho desenvolvido” pelos investigadores da FEUP, do Instituto Superior de Agronomia e do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV).

O dispositivo, que tem o aspeto de uma “esfera perfurada contendo no interior os óleos essenciais”, é colocado num “ambiente confinado” juntamente com os produtos secos e impede o desenvolvimento de insetos e fungos que se desenvolvem no seu interior.

O dispositivo contém no interior óleos altamente viscosos e com altos pontos de ebulição derivados de plantas aromáticas que, ao passarem para a fase de vapor, evitam o desenvolvimento de insetos e fungos”, esclareceu.

A equipa de investigadores, que já fez um ensaio em 40 quilos de milho armazenado, decidiu “passar para uma escala maior”, estando, desde o início do ano, a testar o dispositivo em 600 quilos de milho.

Concorremos ao BIP Proof (iniciativa da U. Porto Inovação) e é com base no financiamento deste programa que estamos a desenvolver os ensaios”, disse.

À Lusa, Margarida Bastos adiantou que a equipa, que se encontra à espera da resposta ao pedido de patente europeu e americano, pretende desenvolver um dispositivo onde a “parte ativa que contém os óleos essenciais seja substituída por recargas”.

Neste momento está tudo em aberto. A Universidade do Porto está a tentar contactar com empresas que possam estar interessadas no produto e em dar seguimento às patentes, isto porque as descobertas não são para ficarem fechadas na gaveta”, concluiu.

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