A fotografia, que revela Jon e Alex num quarto em São Petersburgo, é «esteticamente poderosa e revela humanidade», segundo Michele McNally, do júri da 58ª. edição do World Press Photo.
«Para as lésbicas, homossexuais, bissexuais, transsexuais e trangéneros (LGBT) a vida tornou-se extremamente difícil na Rússia. As minorias sexuais enfrentam discriminação social e legislativa, perseguição e até violências ataques por parrte de grupos nacionalistas e conservadores religiosos», lê-se na nota do júri.
Para justificar ainda a escolha do Grande Prémio, Michele McNally recordou que «este é um momento histórico para a fotografia. A imagem vencedora precisa de ser estética, de ter impacto e de ter potencial para se tornar icónica».
Mads Nissen, 36 anos, é fotojornalista no diário dinamarquês Politiken e receberá 10.000 euros pelo prémio. Na conferência de imprensa de hoje, em Amesterdão, explicou que o retrato vencedor regista a «história de amor entre dois jovens, Jon e Alex, mas também fala da homofobia na Rússia».
Mads Nissen
A fotografia foi feita em 2014, meses depois de o parlamento russo ter aprovado uma lei que proíbe a divulgação de informação sobre homossexualidade a menores de 18 anos e que pode ser interpretada como proibitiva de qualquer tipo de evento público sobre direitos dos homossexuais.
A condição feminina, a vida das crianças, emigração ilegal, vida em cenários de guerra, o combate ao ébola ou as precárias condições de trabalho são alguns dos temas mais abordados este ano entre os premiados.
No total, a organização do World Press Photo premiou 42 fotografias em oito categorias, como assuntos da atualidade, desporto, natureza e retratos.
Ao concurso de 2015 do World Press Photo concorreram 97.912 fotografias, de 5.692 fotojornalistas e fotógrafos de 131 países.
As fotografias premiadas serão exibidas numa exposição internacional que circulará por mais de uma centena de cidades por todo o mundo, incluindo Portugal.
A primeira das exposições acontecerá a 18 de abril, em Amesterdão.