Prémio internacional por investigação a queijo, broa e alheiras - TVI

Prémio internacional por investigação a queijo, broa e alheiras

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Xavier Malcata é um acérrimo defensor dos produtos tradicionais portugueses e um crítico da «actuação autista» da ASAE

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Com uma carreira dedicada à investigação na área da segurança e protecção alimentar e acérrimo defensor dos produtos tradicionais portugueses, o que o tem levado a criticar duramente a acção da ASAE, Xavier Malcata recebe esta quarta-feira, nos Estados Unidos, mais um prémio internacional, o «International Leadership Award», atribuído pela International Association of Food Protection (IAFP).

Director da Escola Superior de Biotecnologia da Católica, este investigador foi considerado, unanimemente, pelo júri de selecção como «um profissional possuidor de raras capacidades de trabalho e como um académico detentor de excepcional dedicação». É, aliás, o primeiro português a receber este prémio. Ao «Jornal de Notícias» fez saber que esta distinção equivale a «um prémio de carreira».

Xavier Malcata lidera um grupo com três dezenas de pessoas que se dedica especialmente à investigação relacionada com a nossa cultura gastronómica. A Escola de Biotecnologia já estudou, por exemplo, o queijo da Serra, a broa de Avintes, as alheiras de Trás-os-Montes e as bagaceiras de vinho verde branco. «Temos a responsabilidade de preservar o legado que nos foi deixado», explicou o cientista ao JN.

As críticas à ASAE são frequentes e Xavier Malcata insurge-se várias vezes contra as «actuações autistas» desta associação. «A ASAE, com a aplicação cega das directivas europeias, está a destruir e a condenar à morte» o nosso património». E sentencia: "Se conseguirem banir os nossos produtos tradicionais, através de uma ficalização cega, será uma hecatombe».

Leis mais flexíveis para produtos caseiros e tradicionais

A equipa liderada por Malcata ensina os produtores a trabalhar melhor na produção e na conservação, e a perceber os produtos de forma racional. Ao apurar a qualidade, defende, evitam-se contaminações.

«A ASAE foi apresentada como sendo duas coisas: acção que fiscaliza e que faz avaliação do risco dos produtos para a saúde. Mas na prática a sua intervenção é essencialmente punitiva», critica. Em declarações ao Diáro de Notícias, o investigador explicava que «ninguém quer fugir à fiscalização. Em diálogo connosco e associações de produtores, a ASAE terá de agir com bom senso e não ser mais papista do que o Papa».

A ideia deste cientista é conhecer melhor as características dos alimentos, apoiar os seus criadores e as suas associações. O delicioso requeijão, especifica Xavier Malcata, facilmente fica vulnerável a contaminações e degradações. «Temos vindo a trabalhar num tipo de embalagem que permita estar duas semanas na prateleira, em vez dos actuais dois a três dias».

Para além deste prémio, Xavier Malcata já recebeu outras distinções internacionais, incluindo o Ralph H. Potts Memorial Award (1991) e o Young Scientist Research Award (2001), da American Oil Chemists Society. Foi distinguido também com o Foundation Scholar Award - Dairy Foods Division (1998) e o Danisco International Dairy Science Award, da American Dairy Science Association (2007). Este ano, recebeu já o Samuel Cate Prescott Award, do Institute of Food Technologists (2008).

O Director da ESB foi igualmente seleccionado há alguns anos atrás para um dos Comités Científicos da European Food Safety Authority, sendo o único português nesta situação.
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