YouTube promove desinformação sobre alterações climáticas, acusa ONG - TVI

YouTube promove desinformação sobre alterações climáticas, acusa ONG

  • CM
  • 16 jan 2020, 16:42
Youtube

De acordo com o relatório da Avaaz, 16% dos primeiros 100 vídeos relacionados para o termo de pesquisa "aquecimento global" continham desinformação

O YouTube está a promover a desinformação sobre alterações climáticas, acusou, nesta quinta-feira, a Organização Não Governamental Avaaz.

A ONG, que promove a mobilização social, examinou os vídeos que a plataforma recomenda aos seus utilizadores quando procuram o termo global warming/aquecimento global (incluindo não só os que são exibidos automaticamente ou 'vídeo seguinte', como os que constam na lista do lado direito) e concluiu que 16% continham informações comprovadamente falsas ou enganadoras.

A percentagem cai para 8% quando a pesquisa é climate change/alterações climáticas, mas sobe para 21% quando os utilizadores procuram vídeos de climate manipulation/manipulação climática.

Os vídeos com desinformação somavam, à data do estudo, 21,1 milhões de visualizações.

Descobrimos que o YouTube está a levar milhões de pessoas a assistir a vídeos de desinformação sobre o clima todos os dias. Eles não estão apenas no YouTube e a ser vistos de maneira orgânica por audiências interessadas no tema. O algoritmo de recomendações do YouTube está a promover esses vídeos gratuitamente, levando desinformação a quem não seria exposto a ela de outra forma", alerta o relatório da Avaaz, citado pela BBC.

O estudo encontrou, ainda, anúncios de 108 empresas, incluindo grandes marcas à escala mundial, a promover esses vídeos.

Os algoritmos de recomendação do YouTube são responsáveis por cerca de 70% do tempo total que os utilizadores passam na plataforma e alimentam-se sobre as preferências dos espectadores.

Esta forma de redirecionar o tráfego do YouTube foi anteriormente denunciada por perfis relevantes da opinião pública ou mesmo pelos próprios youtubers, especialmente no que diz respeito à proliferação de fatos alternativos, à desinformação e ao aumento da extrema-direita nos Estados Unidos e na Europa.

A coordenadora de campanha da Avaaz, Julie Deruy, lembrou, citada pela agência noticiosa EFE, que o YouTube é o maior canal de transmissão audiovisual do mundo e "está a promover conteúdo desinformativo sobre as alterações climáticas para milhões de pessoas enquanto o nosso planeta está em chamas".

Não é uma questão de liberdade de expressão, é sobre a publicidade gratuita que o YouTube está a dar a vídeos que contêm informações erradas com o risco de confundir as pessoas sobre uma das maiores crises do nosso tempo", sublinhou.

Este estudo foi realizado em seis países - Alemanha, Brasil, Espanha, Estados Unidos, França e Reino Unido - e teve como referência pesquisas de vídeos entre agosto e dezembro de 2019. O conteúdo dos vídeos foi comparado com os dados divulgados por organizações como o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, das Nações Unidas), a NASA, a Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), além da literatura científica disponível.

Continue a ler esta notícia