Numa declaração política em plenário, Nilza Sena contestou o fim dos exames finais do 1.º ciclo do ensino básico - aprovado pelo parlamento no final de novembro com os votos contra de PSD e CDS-PP - e referiu que isso não constava do programa eleitoral do PS, nem do Programa do Governo, que previa a sua reavaliação.
"E que pensa o senhor ministro da Educação sobre o assunto? Será que o senhor ministro ligará para a senhora deputada Catarina Martins [porta-voz do BE] a pedir opinião? Pedirá batatinhas ao PCP? Ou o senhor ministro da Educação aceita o papel de conservador de registo civil que atesta o casamento do PS com os radicais à esquerda e de notário que assina as medidas avulsas e desestabilizadoras de Jerónimo [de Sousa] e [Catarina] Martins?", questionou, em seguida.
Mais à frente, a deputada do PSD disse que o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira "trata o senhor ministro da Educação como o jovem Tiago" e sugeriu que é ele "a voz de comando", alegando que "ainda ninguém ouviu vozes autorizadas do Governo socialista a falar de educação".
Nilza Sena perguntou como vai o Governo do PS "monitorizar as aprendizagens", depois de ter eliminado os exames do 1.º ciclo "sem debate público e sem olhar aos resultados", e condenou também o fim da prova de avaliação de professores.
"Só posso pensar que o PS anulou as suas convicções".
Na resposta, PS, Bloco de Esquerda (BE) e PCP criticaram a política educativa do anterior executivo PSD/CDS-PP, acusando-o de ter desinvestido no ensino público e de ter introduzido exames no 1.º ciclo sem fundamento, fazendo de Portugal um caso isolado.
A deputada Susana Amador, em nome do PS, antecipou "um tempo novo, um tempo de aposta na educação".
A deputada do BE Joana Mortágua perguntou a Nilza Sena se tinha feito o exame da quarta classe, ironizando: "Não me diga que teve um ensino medíocre que a trouxe até aqui".
No mesmo sentido, o deputado do PCP Miguel Tiago assinalou que "a maioria dos deputados não terá feito exame da quarta classe" e atribuiu ao PSD e ao CDS-PP uma "propaganda bafienta" sobre os exames, contrapondo que "exigente é investir na escola", com "mais meios materiais e humanos".
Ana Rita Bessa, do CDS-PP, apoiou a intervenção de Nilza Sena e manifestou-se preocupada com "o que se espera agora", considerando que "é totalmente incerto o que vai acontecer" em matéria de política educativa.