Lesionou-se na Luz, foi herói em Alvalade e joga na Sampedrense - TVI

Lesionou-se na Luz, foi herói em Alvalade e joga na Sampedrense

Targino

Da última vez que o Vitória de Guimarães venceu em casa do Sporting, Tiago Targino fez dois golos em dois minutos… Foi no jogo de regresso após uma lesão na Luz que lhe abortou a transferência para o Benfica. Agora, aos 30 anos, o extremo bejense joga nos distritais de Viseu

Depois da incrível recuperação da primeira volta (de 0-3 para 3-3), em casa, o Vitória de Guimarães visita o Sporting este domingo (20h15) num dos jogos grandes da 24.ª jornada da Liga.

Da última vez que os vimaranenses venceram em Alvalade, Tiago Targino foi o herói de um jogo com incidências inusitadas: da lesão do árbitro Elmano Santos, que no decorrer do jogo teve de ser substituído pelo quarto árbitro André Gralha, a uma impressionante reviravolta no marcador de 2-0 para 2-3. Foi um jogo especial para o extremo natural de Beja, que agora aos 30 anos representa a União Desportiva Sampedrense, que milita na Divisão de Honra do Campeonato Distrital de Viseu.

Targino regressava aos relvados depois de uma paragem de dez meses devido a uma lesão nos ligamentos cruzados. Reencontrava o técnico Paulo Sérgio, que orientava o Sporting, depois de na época anterior treinar o V. Guimarães. Contra todas as expetativas, estava prestes a conseguir a exibição mais marcante da sua carreira...

«Treinei com vontade durante a semana e quando o Manuel Machado me convocou para o jogo julguei que fosse um prémio, uma forma de motivar-me. “Quase de certeza que não vou jogar”, pensei; e fiquei ainda mais convencido disso quando perdíamos por 2-0, porque eu não estava a 100 por cento. A verdade é que o mister chamou-me, aqueci em dois minutos e entrei em campo», recorda Targino ao Maisfutebol.

Recorde o Sporting-V. Guimarães (2-3) de 2010/11:

Entrou a meia hora do fim, fez dois golos em dois minutos (aos 77’ e 78’), antes Bruno Teles sentenciar a reviravolta vimaranense aos 88’: «Não esperava marcar um golo, quanto mais dois... O Manuel Machado, que raramente festeja os golos, celebrou eufórico os meus. No final, foi uma alegria enorme no balneário…»

Lesionou-se na Luz... E já não assinou pelo Benfica

Antes desse fugaz momento de felicidade, Targino viveu uma profunda tristeza, quando a 30 de janeiro de 2010 se lesionou gravemente na Luz diante do Benfica (3-1), clube com o qual iria assinar contrato precisamente no final desse jogo.

O mercado de inverno estava prestes a encerrar, o acordo estava alcançado e V. Guimarães até já havia recebido um adiantamento de 1,2 milhões de euros dos encarnados pelo negócio. Até que o azar bateu à porta do jogador, aos 35 minutos de jogo.

Já tinha tudo acordado para no final do jogo assinar, lesionei-me com gravidade e a transferência foi abortada. O Rui Costa (diretor-desportivo do Benfica) veio mais tarde falar comigo: disse-me que eu tinha uma lesão complicada, que o Benfica tinha muitos jogadores com qualidade em vista e desejou-me boa sorte para a recuperação. Nesse momento, a família e amigos foram fundamentais. Colegas de equipa como o Flávio Meireles, o Moreno, o Nuno Assis, o Alex ajudaram-me muito. Levavam-me para todo o lado quando eu andava de muletas, etc… Além disso, os médicos e os fisioterapeutas do Vitória foram muito importantes para a minha recuperação. Se fosse num clube pior não sei se não tinha acabado a carreira ali…»

A lesão de Targino na Luz, no Benfica-V. Guimarães (3-1), em 2009/10:

Do Chipre à Polónia... Até aos Distritais de Viseu

Apesar daquele momento alto em Alvalade, a verdade é que a carreira do promissor extremo, então com 24 anos, não voltaria a ser a mesma: depois do V. Guimarães, V. Setúbal (2011/12) e Olhanense (2012/13), antes de uma aventura no Chipre (AEL Limassol) e outra na Polónia (Jagiellonia Bialystok), ambas em 2013/14, passando pelo Trofense (2014/15) e pelos angolanos da Académica do Lobito (2016) até chegar à modesta Sampedrense, onde agora tenta relançar os seus últimos anos no futebol.

«Tenho 30 anos. Sei que não é fácil, mas acredito que vou regressar à Liga. Vim para a Sampedrense, onde estou com o Amoreirinha, outro colega meu de outros tempos, porque aqui as pessoas me apoiam e acreditam em mim. Eles têm aqui um projeto para dentro de alguns anos subirem ao mais alto nível, como conseguiram o Tondela ou o Arouca, e eu tento ajudar com a minha experiência. Além disso, treino, mantenho-me em forma... Não estou parado: isso é o essencial», conta o jogador, que vive sozinho em São Pedro do Sul, esclarecendo, como quem não quer deixar nada por dizer, a quebra abrupta: «Não tenho empresário. Foram-se afastando, mas se eu voltar a aparecer bem, eles voltarão a bater-me à porta…»

A festa de Targino em Alvalade, com o bis diante do Sporting, a 8 de novembro de 2010

«No futebol as coisas mudam rapidamente», desabafa Targino, que ainda sonha em reaparecer num grande palco a bisar como um relâmpago, como fez em Alvalade naquela noite de 8 de novembro de 2010, numa pequena traição ao antigo treinador Paulo Sérgio, que recorda com um sorriso:

«Quando eu me lesionei pelo V. Guimarães, na Luz, o Paulo Sérgio era o nosso treinador e ajudar-me como pôde. Ele acabou por ir treinar o Sporting na época seguinte. Lembro-me de no Vitória ele dizer que quando se mudava para outra equipa os seus ex-jogadores marcavam-lhe golos, disse-o depois de um jogo com o Paços de Ferreira, em que isso tinha voltado a acontecer. A verdade é que eu marquei aqueles dois golos ao Sporting no ano em que ele foi para lá. Não falámos no final desse jogo. Mas de certeza que, tal como eu, também ele saiu do estádio a pensar nessa coincidência.»

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