Ex-responsáveis da Amnistia Internacional condenados a penas de prisão pela justiça turca - TVI

Ex-responsáveis da Amnistia Internacional condenados a penas de prisão pela justiça turca

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  • 3 jul 2020, 15:57
Bandeira da Turquia

Organização classifica de "escadalosa" a decisão do tribunal de Istambul

Um tribunal de Istambul condenou esta sexta-feira quatro ativistas dos direitos humanos, incluindo dois ex-responsáveis da Amnistia Internacional (AI) Turquia, a penas de prisão por atividades “terroristas”, divulgou a organização não-governamental (ONG) internacional.

O ex-presidente e agora presidente honorário da AI Turquia, Taner Kiliç, foi condenado a seis anos e três meses de prisão por “pertencer a um grupo terrorista”, enquanto Idil Eser, antiga diretora-executiva da AI Turquia, foi condenada a dois anos e um mês de prisão por “ajudar uma organização terrorista”, indicou a ONG, citada pelas agências internacionais.

Taner Kiliç e Idil Eser integram um grupo de 11 ativistas e defensores de direitos humanos que foram acusados pela justiça turca de terrorismo.

Segundo informou na quinta-feira a AI, decorreu em Istambul a última audiência do julgamento destes ativistas, um processo que foi iniciado há três anos.

Outros dois ativistas foram condenados com a mesma pena de Idil Eser, enquanto os restantes sete, incluindo um cidadão alemão e outro sueco, foram absolvidos, informou a AI, através da rede social Twitter.

"É escandaloso. Acusações absurdas. Nenhuma prova”, reagiu Andrew Gardner, investigador para a AI Turquia, também na rede social Twitter.

Não desistiremos até que todos sejam absolvidos”, acrescentou.

 

Taner Kiliç foi detido em 6 de junho de 2017 e, três dias depois, era-lhe decretada prisão preventiva com base em acusações de alegadas ligações ao movimento Gulen, movimento associado ao clérigo islâmico Fethullah Gulen, exilado nos Estados Unidos e que Ancara acusa de organizar o golpe falhado de 2016.

Após mais de 14 meses na prisão, Taner Kiliç foi libertado sob fiança, em agosto de 2018.

Em 5 de julho de 2017, a então diretora-executiva da AI Turquia, Idil Eser, foi detida, juntamente com outros nove defensores de direitos humanos e peritos em segurança e informação digital, durante um 'workshop' que decorria em Büyükada, na província de Istambul.

Na quinta-feira, a AI defendeu que, ao longo das audiências do julgamento, as acusações feitas contra todos os arguidos "foram repetidamente e categoricamente refutadas, inclusivamente através de provas providenciadas pelo próprio Estado".

A acusação fracassou repetidamente na apresentação de quaisquer provas que substanciassem as alegações feitas, que procuravam transformar atividades legítimas de defesa dos direitos humanos em atos ilegais ligados a terrorismo", afirmou, na quinta-feira, a ONG, defendendo que "só a absolvição garante justiça".

Ainda na quinta-feira, a AI recordou que outros milhares de pessoas, que também "têm sido vítimas da profunda e abrangente repressão da dissidência da Turquia", permanecem atualmente detidas em prisões turcas.

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