Descarga «intensa» na Ribeira dos Milagres

A Comissão Ambiente e Defesa da Ribeira dos Milagres alertou, esta quarta-feira, para uma nova descarga poluente, durante a madrugada nesta ribeira do concelho de Leiria.



O porta-voz da comissão, Rui Crespo, disse à Agência Lusa que quarta-feira de manhã a ribeira apresentava «espuma abundante» e um «cheiro característico das suiniculturas», adiantando que se tratou de uma descarga «intensa».

Rui Crespo, que denunciou à GNR a situação, afirmou que esta descarga assume semelhanças com anteriores, dado ocorrer «à noite ou durante a madrugada» e sempre que «as condições meteorológicas apontam chuva», como foi o caso de terça-feira.

Descargas «violentas»

O responsável adiantou que as descargas para este curso de água continuam a ser frequentes, «mas são mais violentas quando as condições climatéricas indicam pluviosidade e, sobretudo, ao fim de semana».

«Agora, com as novas restrições, os suinicultores não têm outra forma se não lançar para a ribeira, porque os terrenos estão saturados», referiu Rui Crespo, acrescentando que a estação de tratamento de águas residuais (ETAR) Norte, no concelho de Leiria, «trata no máximo 280 metros cúbicos de efluentes por dia», quando a produção na região é superior.

Em Março, a Administração da Região Hidrográfica do Centro indeferiu a licença de utilização dos recursos hídricos para descarga de águas residuais à Recilis, entidade criada para resolver o problema dos efluentes suinícolas na bacia do rio Lis.

Esta situação motivou protestos dos suinicultores, que se concentraram na ETAR Norte, onde alegaram a incapacidade da estrutura em receber os efluentes.

Solução: nova ETAR



Já este mês, o secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, afirmou que os suinicultores de forma individual podem recorrer ao espalhamento dos efluentes suinícolas nos solos, admitindo ainda a possibilidade de descarga para o meio hídrico.

Por outro lado, Humberto Rosa frisou que a ETAR Norte foi «sobrequipada para poder receber também efluente suinícola», mas, apesar de ter capacidade para receber 280 metros cúbicos de efluentes diários, «tem estado a receber muito abaixo disso».

O secretário de Estado disse ainda não ter esperança de que os responsáveis pelas descargas poluentes na ribeira dos Milagres tenham um rebate de consciência e deixem de as fazer.

A solução final para os efluentes produzidos na região de Leiria passa pela construção de uma estação de tratamento, cuja construção deverá também resolver o problema das descargas na ribeira dos Milagres.

A estação, projectada para a freguesia de Amor, no concelho de Leiria, é uma obra da responsabilidade da Recilis com um custo previsto de 18 milhões de euros e uma capacidade para tratar, diariamente, dois mil metros cúbicos de efluentes de suiniculturas.