França identificou uma nova variante do coronavírus que causa a covid-19 que tem mais de 40 mutações genéticas, sendo que uma delas está associada a um potencial aumento da transmissão do vírus, noticiou esta terça-feira a agência Efe.
Segundo investigadores do Instituto Hospitalar Universitário (IHU) de Marselha que fizeram a descoberta, a nova estirpe do SARS-CoV-2 tem 46 mutações, incluindo uma que está associada a um possível aumento de contágios.
A variante, da qual pouco ainda se sabe, foi batizada pelos cientistas com as iniciais do instituto, IHU, e deriva de uma outra, a B.1.640, detetada em finais de setembro de 2021 na República do Congo e atualmente sob vigilância da Organização Mundial da Saúde.
No estudo publicado esta terça-feira e que ainda não foi revisto por pares, o instituto afirma que esta variante tem duas mutações na proteína "spike"(a que o vírus utiliza para entrar nas células), nomeadamente a mutação N501Y, que também está presente na variante Alfa.
O estudo indica ainda que esta variante tem outra mutação, a E484K, que é uma das mutações localizadas diretamente na proteína "spike" e que, segundo o instituto IHU, poderá afetar a eficácia das vacinas contra a covid-19.
De modo geral, estas observações mostram mais uma vez a imprevisibilidade do surgimento de novas variantes do SARS-CoV-2 e a sua introdução no exterior, e exemplificam a dificuldade de controlar tal introdução e posterior disseminação", escreve o instituto IHU no estudo publicado na página Medrxiv.
Em França, os primeiros casos da nova variante, que tem a designação técnica B.1.640.2, foram detetados na localidade de Forcalquier, na região de Provença-Alpes-Costa Azul.
Na mesma região, mas em Marselha, uma dezena de casos surgiram associados a viagens aos Camarões, país que faz fronteira com a República do Congo.
O IHU de Marselha, especialista em doenças infecciosas, é dirigido pelo polémico médico Didier Raoult, que recebeu uma advertência da Ordem dos Médicos francesa por ter violado o código de ética ao promover o uso do antimalárico hidroxicloroquina como tratamento para a covid-19 sem provas da sua eficácia.
A covid-19 é uma doença respiratória causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado há dois anos em Wuhan, cidade do centro da China, e que se disseminou rapidamente pelo mundo.
A variante Ómicron, identificada em novembro, é a mais contagiosa de todas as variantes do coronavírus consideradas de preocupação, apresentando mais de 30 mutações genéticas na proteína da espícula, a "chave" que permite ao vírus entrar nas células humanas.
Vários países, incluindo Portugal e França, têm atingindo recordes diários de infeções devido à circulação desta variante.