O clube das sete casas às costas - TVI

O clube das sete casas às costas

União da Madeira (LUSA/ Manuel de Almeida)

De volta à elite, União da Madeira é, para já, o único clube da Liga sem estádio para 2015/16.

Depois de um regresso à elite garantido sobre a linha da meta, o plantel do União versão 2015/2016, começa a ganhar forma. Mas continua a incerteza em relação ao estádio onde a equipa vai jogar neste regresso ao escalão principal. A utilização do estádio dos Barreiros, agora pertença do Marítimo, é a grande meta do clube azul e amarelo.

Em declarações ao MaisFutebol, o presidente do Conselho de Administração do União da Madeira SAD, Filipe Silva, lamenta a atitude do Governo regional liderado por Alberto João Jardim. «Houve falta de visão estratégica do anterior Governo ao ceder o único estádio público, em que as equipas podiam realizar jogos na Primeira Liga, a um clube. Não pensaram que, no futuro, outra equipas podiam chegar a esse patamar», critica, defendendo que a solução de então teria sido a abertura do estádio dos Barreiros à utilização dos três principais clubes da Madeira, tal como aconteceu no passado.

«É mais fácil gerir para dois clubes do que para três…»

«Numa região tão pequena devia haver um único estádio para os principais clubes tal como acontece, por exemplo, em Itália», observa, continuando em tom crítico. «Hoje temos um problema porque foi dado um bem público, avaliado em milhões, e não foi acautelado o interesse público!»


Quando o União jogava nos Barreiros

Filipe Silva lamenta o facto de o União da Madeira estar há largos anos com a casa às costas e recorda as implicações que tal situação tem no clube. «É muito mau não termos um campo próprio porque há uma desmobilização das pessoas», realça, voltando às críticas: «Mas tudo isto foi feito intencionalmente porque queriam que o União acabasse mas nós estamos vivos e bem vivos, estamos cada vez mais fortes!»

Nacional: Rui Alves disponibiliza estádio ao União

O dirigente diz mesmo que houve um privilégio claro ao Marítimo e ao Nacional. «Houve uma clara bipolarização do futebol na Madeira de forma a que só interessassem dois clubes, porque é mais fácil gerir para dois do que gerir para três. Deu-se o estádio a um e construiu-se a outro», critica.

De volta à I Liga, 20 anos depois da última passagem, o União da Madeira tem andado com a casa às costas na última década, jogando em sete campos distintos ao longo deste período. Depois de no passado ter competido no estádio dos Barreiros – onde antes jogavam os três principais clubes da Região -, o clube azul e amarelo mudou de recinto na época de 2007/2008 quando, a partir de fevereiro de 2008, se mudou para o estádio dos Juncos, concelho de São Vicente, no norte da ilha.

A jogar então na II Divisão Nacional, a temporada seguinte acabou por ser a mais atribulada no que diz respeito às instalações utilizadas. O União começou por jogar no Complexo Desportivo do clube, pelo meio fez jogos para a Taça de Portugal no estádio da Camacha e acabou o campeonato no velhinho campo Adelino Rodrigues, mais conhecido por campo do Liceu. Apesar das condições sempre difíceis, decorrentes de um relvado sintético alvo de utilização excessiva da parte de vários clubes da Madeira, era grande o envolvimento dos adeptos e simpatizantes neste recinto localizado bem no centro do Funchal. Não foi por isso de estranhar que, quer em 2009/2010 quer em 2010/2011, o União da Madeira tenha permanecido no campo do Liceu Jaime Moniz onde acabou mesmo por conseguir o regresso à II Liga.

O regresso aos Barreiros em 2011/2012

No regresso a uma divisão superior, em 2011/2012 dava-se também o retorno ao estádio dos Barreiros, que, contudo, já pertencia ao Marítimo: a cessão do recinto (então pertença do Governo Regional da Madeira) ao clube verde-rubro aconteceu em 2009. E este regresso durou pouco já que, por divergências financeiras entre os dois clubes, o União da Madeira acabou por mudar-se para a zona este da Região: Machico.

Foi no estádio de Machico que, em 2012/2013, o clube competiu na II Liga, e a opção viria a manter-se na temporada seguinte. Mas não na totalidade já que a Associação Desportiva de Machico, principal utilizadora do espaço, alegou incumprimento de pagamentos da parte do União.

A acusação foi desde logo desmentida pela coletividade liderada por Filipe Silva, que levou mesmo o caso aos tribunais. O presidente do Conselho de Administração do União SAD recorda a polémica: «O União foi vexado na praça pública, foi alvo de chacota e descredibilizado a todos os níveis pela AD Machico, que vai responder nos tribunais com um processo cível e com uma queixa-crime por tudo o que nos foi feito sem razão», lembra.


Filipe Silva, presidente do União da Madeira SAD

A partir daí surgiu a possibilidade de o clube azul e amarelo se mudar para outro lado da ilha, mais concretamente para a Ribeira Brava. Os últimos jogos da época de 2013/2014 foram já realizados no Centro Desportivo da Madeira, espaço que foi a casa do União da Madeira esta temporada e que serviu mesmo de talismã para que o clube conseguisse novamente a ambicionada subida.

Mas, para o seu responsável máximo, neste regresso à Liga principal, o União da Madeira necessita de jogar no centro do Funchal e não onde atuou na temporada passada. «Não vamos onerar o erário público para fazer obras no estádio da Ribeira Brava, que precisava de ter 5 mil lugares! Se elas acontecessem a pista de atletismo tinha de desaparecer e não é justo voltar a prejudicar o atletismo na Madeira», observa Filipe Silva, em jeito de conclusão. Para 2015/2016, o desejo do clube passa pelo regresso ao estádio dos Barreiros. Para que isso aconteça, o Governo Regional da Madeira e o Marítimo têm a palavra.
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