Expedição transoceânica passa em Lisboa - TVI

Expedição transoceânica passa em Lisboa

Alterações climáticas

Veleiro francês Tara vai navegar por três anos pelo mundo para estudar o impacto das alterações climáticas nos microrganismos marinhos

Uma grande expedição transoceânica vai ter início em Setembro e realizará a primeira escala em Lisboa. A viagem tem como objectivo estudar o impacto das alterações climáticas nos microrganismos marinhos e vai durar três anos.

O veleiro Francês Tara, vai partir a 4 de Setembro do porto de Lorient, na Bretanha, e vai contar com uma equipa multidisciplinar internacional de 14 membros a bordo, com regresso marcado ao porto em Novembro de 2012.

Com data prevista de chegada ao cais de Alcântara, em Lisboa, a 10 de Setembro, onde vai estar durante dois dias, o veleiro de dois mastros segue depois para Tânger, rumo ao Mediterrâneo, contou a responsável pela Comunicação da missão Tara-Oceanos, Eloïse Fontaine, segundo informação da Lusa.

Eric Karsenti, director da expedição, e outros responsáveis científicos, vão dar uma conferência de imprensa a bordo, aquando da sua estadia em Lisboa, onde vão explicar os objectivos da viagem.

Vai percorrer metade da distância da Terra à Lua

Oceanógrafos, biólogos, ecologistas, jornalistas e artistas, farão parte da equipa a bordo, estando previstos contactos em Lisboa com investigadores portugueses através do IPIMAR (Instituto das Pescas, da Investigação e do Mar).

O veleiro, de 36 metros de comprimento por 10 de largura e 120 toneladas, vai efectuar um trajecto de 150 mil quilómetros (metade da distância da Terra à Lua). O Tara fará 60 escalas em 50 países, passando pelas regiões mais quentes e pelas mais frias do planeta, de Ocidente a Oriente e de pólo a pólo, percorrendo o Mediterrâneo, o Mar Vermelho, o Golfo Pérsico, os oceanos Índico, Atlântico, Antárctico, Pacífico e Árctico.

Mais de uma centena de investigadores a bordo

No mar e em terra, a missão «Tara-Oceanos» vai mobilizar uma centena de investigadores de mais de 50 laboratórios e institutos científicos de 15 países, associando a oceanografia à biologia e a genética à física.

Segundo Eric Karsenti, chefe do departamento de Biologia Celular e de Biofísica no laboratório Europeu de Biologia Molecular (EMBL) de Heidelberg, Alemanha, a missão dará continuidade à «Tara-Árctico», que «evidenciou a realidade do aquecimento climático».

Os microrganismos marinhos constituem 90 por cento da biomassa dos oceanos, absorvem a maioria do CO2 atmosférico e produzem 50 por cento de oxigénio, sendo a base da cadeia alimentar marinha.

É por isso que a medição do impacto do aquecimento que sofrem e o estudo dos ciclos do carbono e do oxigénio permitirão incorporar novos dados até agora desconhecidos nas simulações climatológicas futuras.

Missão promovida pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente

Equipado com as tecnologias mais avançadas em matéria de recolha, classificação e medições submarinas, de imagiologia e metadados oceanográficos, serão feitas periodicamente colheitas de plâncton e de fitoplâncton a diferentes profundidades que serão analisadas por um consórcio de laboratórios e institutos internacionais.

Segundo Karsenti, o estudo dos ecossistemas nunca foi feito na globalidade e continuidade de todos os mares do mundo. «Aí reside a singularidade da missão», comentou.

Os cientistas envolvidos darão origem a um banco público de dados e de acesso livre chamado Bio-Bank, gerido por institutos internacionais, com o objectivo de partilhar e valorizar as conclusões da expedição.

A missão será realizada sob o Programa das Nações Unidas para o Ambiente.
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