Museus virtuais: memórias dos Mundiais e outras janelas para a história - TVI

Museus virtuais: memórias dos Mundiais e outras janelas para a história

Museus

Em tempos de confinamento, a parte final de um roteiro sobre exposições dedicadas a objetos e investigações que contam histórias, experiências culturais sem sair de casa

Viagens com história e desporto dentro. Nestes tempos de confinamento, completa-se aqui um roteiro por alguns dos conteúdos de museus de desporto de todo o mundo disponíveis online. Esta viagem virtual começou por aqui, com ponto de partida no Museu Olímpico de Lausanne, e segue agora por mais janelas com vista para objetos e investigações que contam histórias, experiências culturais possíveis sem sair de casa. Agora partimos do National Football Museum, que está em Manchester, Inglaterra, mas também está online.

O espaço, inaugurado em 2012 depois de ter tido uma primeira vida em Preston, guarda memórias com mais de século e meio de história, a começar pelo livro das primeiras regras do «Football Association», escritas em 1862. Também tem o Hall of Fame do futebol inglês, que pode ser explorado a partir daqui.

E tem conteúdo dedicado a quem está longe. Como a exposição «O Campeonato do Mundo em 24 objetos», uma viagem interativa guiada pelo escritor David Goldblatt, autor de vários livros sobre desporto, incluindo o clássico «The Ball is round». A viagem, acessível na internet através do projeto Google Arts and Culture, uma janela para centenas de museus por todo o mundo, começa em 1872, a recordar aquele que ficou para a história como o primeiro jogo internacional de sempre, Escócia-Inglaterra, com a incrível imagem da camisola de lã, com pormenores em crochet, usada por Arnold Kirke Smith, futuro vigário e um dos oito avançados da Inglaterra nesse jogo.

Segue com as duas bolas usadas na final do primeiro Mundial, em 1930, num ambiente de tamanha tensão que cada equipa fez questão de jogar com a sua: numa parte a Argentina, noutra o Uruguai. E vai por aí fora em objetos, posters, programas, curiosidades e histórias.

Também tem a Taça Jules Rimet ganha pela Inglaterra em 1966, depois do bizarro episódio do roubo do troféu, encontrado pelo cão pickles. A Jules Rimet que teve uma história incrível e acabaria perdida para sempre depois de ter sido roubada no Brasil nos anos 80. E tem a Telstar, a mais clássica das bolas, na versão original do Mundial 70. Ou a camisola que Diego Maradona usou no jogo dos jogos, os quartos de final do Mundial 86 com a Inglaterra. Uma vénia ao fair play britânico.

O National Football Museum tem mais coisaspara ver a partir de casa, incluindo uma investigação histórica dedicada ao papel do futebol na I Guerra Mundial, através de um notável site especial.

Documentos preciosos, ainda que de um espaço mais focado no futebol britânico. Para um olhar sobre o futebol mundial existe o World Football Museum da FIFA, uma megaestrutura inaugurada em 2016, mas com pouco para ver online. Ainda assim, dá para ficar com uma ideia do que oferece o espaço de Zurique.

A lista de museus dedicados a futebol é grande e entre os mais mediáticos estão os dos grandes clubes, como Barcelona e Real Madrid em Espanha, vários dos «grandes» de Inglaterra, ou em Itália o J-Museum, da Juventus. Oferecem normalmente visitas que incluem um «tour» pelo estádio, mas online mostram pouco do seu espólio.

De fora para dentro, em Portugal, também os chamados «grandes» têm espaços museológicos que se tornaram apostas fortes, nomeadamente para Benfica e FC Porto. O Benfica tem online uma visita virtual, enquanto o site do museu do FC Porto permite explorar a iniciativa «Objeto do mês», dedicada a contar mais sobre uma peça especial. O Sporting tem um espaço museológico em Alvalade que também combina com a visita ao estádio e apadrinha também o Museu Sporting em Leiria, iniciativa de um fervoroso adepto do clube. Mais recentemente, Cristiano Ronaldo tornou-se também figura do seu próprio museu, na Madeira, o Museu CR7. Quanto ao Museu Nacional do Desporto, que fica em Lisboa, não tem presença online.

Estando numa viagem virtual como esta, a vantagem é que não há fronteiras, nem limites. Portanto, podemos ir diretamente daqui, de onde estivermos, até à Austrália, que tem uma enorme diversidade de oferta de memória desportiva institucional online. Uma referência apenas, a este especial dedicado a «Pioneiros desportivos» que começa por contar a incrível história de uma equipa aborígene de críquete que fez uma digressão por Inglaterra em 1868 com resultados honrosos, para no regresso ser apanhada na intensificação da perseguição ao povo aborígene, privando-o dos direitos mais elementares.

Uma experiência curiosa e divertida é aquela que oferece a exposição do norte-americano Instituto Smithsonian dedicada à evolução do desporto americano em selos de correio. Continuando nos Estados Unidos, também podemos aproveitar para conhecer as histórias de «Mulheres que viraram o jogo», do National Women’s History Museum.

Só mais uma para o caminho, vinda também dos Estados Unidos, onde todos os grandes desportos têm espaços dedicados aos seus Hall of Fame. O basquetebol tem o Naismith Memorial, em homenagem ao fundador da modalidade. Fica em Springfield, Massachussets, e através do site oficial é possível aceder à lista e às biografias das personalidades que já lá estão. Uma última janela aberta para a história, mais um ponto de fuga para ajudar a mente a viajar, por estes tempos.

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