Taça de Portugal: Sintra Football-V. Guimarães, 1-1 (4-3 g.p.) (crónica) - TVI

Taça de Portugal: Sintra Football-V. Guimarães, 1-1 (4-3 g.p.) (crónica)

  • Luís Barreira
  • 19 out 2019, 17:12
Sintra Football

As nuvens dissiparam-se e o sol sorriu para os sintrenses

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O Sintra Football afastou o Vitória de Guimarães da Taça de Portugal. Depois do empate no tempo regulamentar e sem alterações no prolongamento (1-1), os locais venceram o desempate por grandes penalidades, por 4-3. Aí está mais um tomba-gigantes na prova.

RECORDE O FILME DO JOGO

A chuva imperava no Estádio Municipal Mário Wilson até ao apito inicial. Por surpresa deram tréguas e fizeram com que futebol praticado dentro do sintético em que se jogou a partida fosse de maior qualidade. Nas bancadas o espetáculo era garantido, com grandes falanges de apoio para ambas as equipas.

Em duelo inédito ao que competições oficiais diz respeito, o Sintra Football apresentou-se num 4x4x2, com bloco naturalmente mais baixo face ao favoritismo do V. Guimarães. A equipa de Ivo Vieira, por outro lado, entrou em campo num esquema 4x3x3 com Al Musrati atrás de Pêpê e Denis Poha.

O Vitória criou, mas ficou-se por aí

Na estreia dos vimaranenses na Taça de Portugal, neste embate da 3ª eliminatória, foi a formação nortenha que procurou desde cedo o golo. Criou com relativa facilidade e limitou a manobra dos sintrenses a um terceiro do campo.

Lá está: o Vitória criou. E o problema passou muito por aí porque… não passou disso. A equipa da I Liga, natural favorita frente ao emblema do Campeonato de Portugal, ressentiu-se no capítulo da finalização, algo que não é inédito na equipa de Ivo Vieira esta temporada. Faltou, sobretudo, frieza quando esta era por demais necessária.

Os vimaranenses basearam a grande maioria do seu momento ofensivo nos corredores laterais, com quatro homens «colados» à linha: além de Rochinha e Edwards, que jogaram na esquerda e direita, respetivamente, os laterais Rafa Soares e Lucas Soares fixaram-se em zonas mais avançadas do terreno para trabalhar na sobreposição e sobrelotação de espaços, puxando por eventualidades fragilidades defensivas do Sintra Football.

André Pereira foi o homem mais inconformado. Ponta-de-lança solitário no desenho tático de Ivo Vieira para a partida, o antigo avançado do FC Porto acabou por ter uma primeira parte desesperante, apesar de esforçado, não tendo conseguido emendar lances de golo iminente por várias ocasiões, a última ao minuto 34, na 1ª parte.

Apesar da preferência pelos flancos, o V. Guimarães teve em Denis Poha a maior figura no primeiro tempo: o médio francês, emprestado pelo Rennes, foi quem desenhou alguns dos lances mais perigosos. Jogou e fez jogar, por assim dizer. Pelo meio ainda teve a oportunidade mais perigosa dos minhotos nos primeiros 45 minutos – a da partida seria mesmo do Sintra, surpreendentemente –, cabeceando à trave da baliza de Filipe Leão ao minuto 34. Antes já tinha tentado a meia distância. No segundo tempo o gaulês esteve mais longe do jogo, com os vimaranenses a darem (ainda) mais ênfase ao jogo exterior.

Élvis, mesmo antes do intervalo, viu-se isolado perante Douglas, mas a mancha do guardião brasileiro foi gigante e acabou por manter as redes virgens… até surgir um dos momentos marcantes da partida no Municipal Mário Wilson, em Oeiras.

O conforto foi o grande inimigo do V. Guimarães

O V. Guimarães esmoreceu no segundo tempo e deixou os sintrenses crescerem na partida. Não deixavam de ter bola, mas não com tanta facilidade chegaram às zonas privilegiadas de golo que, apesar de algumas dificuldades, tiveram ao dispor na 1ª parte.

E o Sintra lá cresceu. Não necessariamente em algo que se traduzisse num domínio avassalador em termos de remates ou posse, mas, involuntariamente, o maior conformismo dos vimaranenses, além do apoio incondicional dos da casa nas bancadas, fizeram com que os sintrenses começassem a acreditar que algo fosse possível. E o momento surgiu através de grande penalidade.

Élvis redimiu-se perante o seu público que festejou em apoteose. Douglas foi batido por uma unha negra, mas estava inaugurado o marcador e feita a festa da Taça.

Nem sempre com o maior dos discernimentos, mas com a raça vitória do seu lado, com uma grande falange de apoio na outra extremidade das bancadas, os vitorianos foram atrás do resultado. E Davidson não perdoou: o avançado brasileiro, recém-entrado na partida, encostou à boca da baliza e restabeleceu a igualdade no Estádio Municipal Mário Wilson. Rumo a prolongamento.

A vontade de resolver vs. O medo de errar

Chuva ligeira e vento forte voltaram no prolongamento para conferir dramatismo à partida. A partida, essa, foi mais morna. O cansaço e o receio do erro foram mais fortes, mas mesmo assim foi o V. Guimarães que assumiu as rédeas do encontro. Mesmo assim, uma boa combinação do Sintra ao minuto 101 levantou os adeptos dos lugares, embora acabassem a suspirar em desespero com a deficiente conclusão da jogada.

Élvis não só se ia redimindo, como quase se tornava herói: por pouco não bateu Douglas num remate venenoso, já na 2ª parte do prolongamento em Oeiras.

Ivo Vieira foi meticuloso e não se expôs em demasia, apesar do favoritismo da eliminatória estar todo do lado dos vimaranenses. Isto é, os minhotos nunca deram ao Sintra Football a oportunidade de matar a partida no contra-ataque. Não houve aquele sentimento de inevitabilidade no qual se sabia que, mais minuto, menos minuto, o Vitória marcaria.

Grandes penalidades em Oeiras e já se fazia sentir uma tarde solarenga. O desfecho, esse, só sorriu para uma das equipas.

Filipe Leão rugiu a João Carlos Teixeira e defendeu a grande penalidade do médio vimaranense. Marcus Edwards falhou a última cobrança dos vimaranenses e o Estádio Municipal de Oeiras explodiu em festa.

Mais um tomba-gigantes na Taça. E, por mais cliché que seja, esta é a festa do futebol.

FICHA DE JOGO

SINTRA FOOTBALL (4x4x2): Filipe Leão, Filipe Gaspar, Marcelino, Marco Gomes, Maurício, Tiago Etges (Joshua), Hélder, Nuno Sá (Braudilio), Elvis, André Soares (Horácio) e Diogo Lamas (Tino).

Suplentes não utilizados: Pardana, Hugo Santos e Jaílson.

Treinador: Rui Santos

V. GUIMARÃES (4x3x3): Douglas, Rafa Soares (Florent), Lucas Soares (Davidson), Tapsoba, Pedro Henrique, Al Musrati, Pêpê (Bruno Duarte), Poha, Rochinha, Marcus Edwards e André Pereira (João Carlos Teixeira).

Suplentes não utilizados: Tiago Martins, Venâncio e Mikel.

Treinador: Ivo Vieira

Disciplina: Pedro Henrique (cartão amarelo, 69’)

 

 

 

 

 

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