PS e oposição repudiam cartaz do PNR - TVI

PS e oposição repudiam cartaz do PNR

  • Portugal Diário
  • 29 mar 2007, 17:52

Manuel Alegre classificou mensagem como «atentado aos valores da democracia»

O Governo e todas as bancadas parlamentares associaram-se, esta quinta-feira, no repúdio ao cartaz do Partido Nacional Renovador (PNR) a dizer «Basta de imigração», rejeitando a mensagem de racismo e xenofobia que é transmitida, noticia a agência Lusa.

A questão foi inicialmente levantada pelo deputado do PS Manuel Alegre que, em nome pessoal e da bancada socialista, manifestou o «mais vivo repúdio» pelo cartaz, classificando-o como «um atentado aos valores essenciais da democracia» e aos «princípios de tolerância sem os quais não podemos viver».

«É também uma afirmação contra Portugal e os portugueses», acrescentou, sublinhando que, além de um país de «emigrantes», Portugal é igualmente um «país de imigrantes», que defende uma política de inclusão.

No sequência da intervenção de Manuel Alegre, aplaudida por todas as bancadas parlamentares, todos os partidos se associaram ao protesto, saudando as palavras do deputado socialista.

Também o ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, juntou-se à contestação, assegurando que a política do Governo «em matéria de integração é absolutamente clara».

«Somos contra esta manifestação de xenofobia, porque não queremos que apaguem o nosso futuro», disse.

PSD concordou com palavras de Alegre. PCP saudou intervenção do deputado

Pelo PSD, o deputado Agostinho Branquinho manifestou a «total sintonia política» do seu grupo parlamentar com as palavras de Manuel Alegre, colocando as ideias dos sociais-democratas «exactamente nos antípodas da mensagem de extremismo que o cartaz quer passar».

«A imigração é uma oportunidade, não uma ameaça», sublinhou.

Apesar do repúdio manifestado, Agostinho Branquinho reconheceu que as questões legais inerentes a esta situação devem ser tratadas pelos tribunais. O PCP e o Bloco de Esquerda foram, contudo, mais longe, questionando a reacção que o Estado deve ter perante estas manifestações de «xenofobia».

"Em nome do grupo parlamentar do PCP, quero saudar a intervenção do deputado Manuel Alegre», disse o deputado comunista António Filipe, manifestando a «indignação» do seu partido perante o cartaz.

«É uma manifestação de racismo e xenofobia», sublinhou, questionando a forma «como deve o Estado lidar com esta questão».

«Como vamos reagir?», perguntou António Filipe, questionando se organizações como estas devem estar autorizadas a actuar em Portugal.

Bloco defende que «provocações fascistas» devem ser ignoradas

Pelo Bloco de Esquerda, o deputado Luís Fazenda acompanhou igualmente a intervenção de Manuel Alegre, defendendo que «provocações fascistas» como esta não devem ser ignoradas.

«É uma incitação ao ódio», exclamou, questionando igualmente a forma como pode «a democracia conviver legalmente com esta provocação».

«Como Estado democrático não teremos que dar um sinal e uma palavra contra este cancro da democracia, contra a apologia do ódio e da discriminação», interrogou Luís Fazenda.

CDS-PP juntou-se ao protesto

Em nome do grupo parlamentar do CDS-PP, o deputado Nuno Magalhães juntou-se também ao protesto, salientando que o seu partido não aceita «qualquer tipo de extremismo ou radicalismo».

Contudo, acrescentou Nuno Magalhães, «apesar dos sinais preocupantes», a questão não deve ser «hipervalorizada».

Esta tese não foi, contudo, subscrita pela deputada do PEV Heloísa Apolónia.

«Aos atentados contra a democracia devemos responder com repúdio e intolerância», salientou, defendendo a adopção de «atitudes pró-activas» para repudiar mensagens de «puro racismo».
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