"Luanda Leaks": MPLA rejeita perseguição a Isabel dos Santos ou justiça seletiva - TVI

"Luanda Leaks": MPLA rejeita perseguição a Isabel dos Santos ou justiça seletiva

  • AG
  • 30 jan 2020, 18:26

Vice-presidente do MPLA lembrou que alguns administradores que estão a ser acusados de peculato foram detidos há dias

A vice-presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) disse esta quinta-feira que não há perseguição política à empresária Isabel dos Santos, por causa do caso "Luanda Leaks", e também que não há justiça seletiva em Angola.

Pensamos que não há perseguição política e nem há justiça seletiva, porque a prática mostra todos os dias que nós estamos a combater vários focos de corrupção, não só no topo da pirâmide, mas também na base", disse Luísa Damião Santos.

A dirigente do partido no poder em Angola falava na cidade da Praia, após um encontro com a presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Janira Hopffer Almada, partido da mesma família política, que no fim de semana realiza o seu XVI Congresso ordinário.

Para sustentar a ideia de que não há perseguição política nem justiça seletiva em Angola, a vice-presidente do MPLA lembrou que alguns administradores que estão a ser acusados de peculato foram detidos há dias.

É uma prova evidente que a justiça está a fazer o seu trabalho e não há nenhuma justiça seletiva como se quer fazer crer", reforçou.

Luísa Damião Santos referiu que o MPLA, liderado pelo presidente angolano João Lourenço, assumiu como bandeira o combate à corrupção, e pediu colaboração da sociedade, das famílias, escola e igrejas, "no sentido de moralizar toda a sociedade contra as más práticas".

Esta é uma prova evidente que o nosso programa está a ser colocado em marcha. Em Angola temos o poder legislativo, o poder executivo e o poder judicial, no âmbito da separação de poderes, e o poder judicial está a fazer o seu papel no âmbito do combate à corrupção, e este processo enquadra-se precisamente neste sentido", salientou a vice-presidente do MPLA.

Questionada sobre um alegado mal-estar no seio do partido por causa deste caso, a vice-presidente rejeitou essa ideia, reafirmando que o programa de combate à corrupção foi aprovado pelo próprio partido, porque se deu conta que havia males a combater.

Aliás, o lema do nosso partido neste momento é melhorar o que está bem e corrigir o que está mal e a corrupção é um dos erros que nós queremos corrigir. Só um partido como o MPLA é que é capaz de fazer uma introspeção e dar-se conta que cometemos alguns erros, que devem ser combatidos. Portando, não deve existir este mal-estar porque este programa foi sufragado pelos próprios militantes do MPLA", afirmou.

Além da corrupção, Luísa Damião Santos apontou ainda a impunidade e o nepotismo como outras más práticas que devem ser banidas de Angola.

A Procuradoria-Geral da República de Angola constituiu Isabel dos Santos arguida por alegada má gestão e desvio de fundos durante a passagem pela petrolífera estatal Sonangol.

O procurador-geral Heldér Pitta Grós afirmou que o processo de inquérito aberto na sequência de uma denúncia do presidente do conselho de administração da petrolífera, Carlos Saturnino, já foi transformado em processo-crime.

O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ) revelou em 19 de janeiro mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de "Luanda Leaks", que detalham esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, que terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano, utilizando paraísos fiscais.

De acordo com a investigação do ICIJ, Isabel dos Santos terá montado um esquema de ocultação que lhe permitiu desviar mais de 100 milhões de dólares (90 milhões de euros) para uma empresa sediada no Dubai e que tinha como única acionista declarada Paula Oliveira.

A empresária, filha do ex-Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, disse que está a ser vítima de perseguição política e anunciou que vai processar o consórcio de jornalistas.

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