Filhos de jornalista Jamal Kashoggi anunciam que "perdoam" assassinos - TVI

Filhos de jornalista Jamal Kashoggi anunciam que "perdoam" assassinos

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  • AM - Notícia atualizada às 16:04
  • 22 mai 2020, 08:56
Jamal Khashoggi

Colaborador do jornal Washington Post e crítico do regime saudita foi assassinado em outubro de 2018 no consulado de Riade em Istambul.

Os filhos de Jamal Khashoggi, jornalista saudita assassinado em 2018 no consulado da Arábia Saudita em Istambul, anunciaram que perdoam os assassinos do pai.

"Nós, os filhos do mártir Jamal Khashoggi, anunciamos que perdoamos aqueles que mataram o nosso pai", escreveu na rede social Twitter Salah Khashoggi, filho do antigo jornalista do Washington Post, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).

Jamal Khashoggi, colaborador do jornal Washington Post e crítico do regime saudita, foi assassinado em outubro de 2018 no consulado de Riade em Istambul.

No entanto, a noiva de Jamal Khashoggi disse que “ninguém tem o direito de perdoar os assassinos”.

“A armadilha que lhe armaram e a forma hedionda como o assassinaram não têm prazo de prescrição e ninguém tem o direito de perdoar aos assassinos. Não vamos parar até que seja feita justiça a Jamal”, escreveu a noiva, a turca Hatice Cengiz, numa mensagem publicada na rede social Twitter.

De acordo com as autoridades judiciais da Turquia, o jornalista de 59 anos foi estrangulado, tendo os assassinos esquartejado o cadáver.

Os restos mortais de Khashoggi não foram encontrados até ao momento.

Após vários meses de pressão política e diplomática, as autoridades de Riade admitiram o envolvimento de elementos dos serviços secretos no crime, mas que atuaram sem que tivessem sido ordenados pela cúpula de poder.

No ano passado, a Arábia Saudita condenou à morte cinco pessoas alegadamente ligadas ao caso, num processo criticado pela sua opacidade.

Salah Khashoggi disse no entanto ter "plena confiança" no sistema judicial saudita, criticando os opositores que, segundo ele, procuravam explorar o caso.

Em abril de 2019, o Washington Post escreveu que os filhos do jornalista assassinado, incluindo Salah, teriam recebido casas no valor de vários milhões de dólares das autoridades sauditas, que lhes pagariam igualmente milhares de dólares por mês. A família desmentiu as acusações.

Há cerca de dois meses, em 25 de março, a justiça turca acusou vinte pessoas, incluindo um ex-conselheiro do príncipe herdeiro saudita Mohammed ben Salmane e o general Ahmed al-Assiri, apontados como os mandantes do assassinato.

Os acusados incorrem numa pena de prisão perpétua, de acordo com a Justiça turca.

Investigadora da ONU diz que perdão dos filhos a assassinos de Khashoggi é farsa

A especialista da ONU que investigou o assassínio do jornalista Jamal Khashoggi por agentes sauditas considerou esta sexta-feira “chocante” que os filhos tenham perdoado os assassinos e afirmou que se trata de mais uma “farsa da justiça saudita”.

“Embora seja chocante, já se esperava o anúncio de que a família do jornalista saudita assassinado Jamal Khashoggi perdoava os assassinos”, disse a relatora especial da ONU sobre execuções extrajudiciais, Agnès Callamard, que refere não se estar a exprimir em nome das Nações Unidas, mas de forma individual.

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