UE pede fim da ofensiva turca e ameaça bloqueio a financiamento - TVI

UE pede fim da ofensiva turca e ameaça bloqueio a financiamento

  • HMC atualizada às 17:48
  • 9 out 2019, 16:43
Jean-Claude Juncker (LUSA/EPA)

Juncker ameaça Turquia com cortes no financiamento europeu depois do início da ofensiva contra curdos, no norte da Síria

O presidente da Comissão Europeia em funções pediu esta quarta-feira o fim da ofensiva lançada pela Turquia no norte da Síria, advertindo que nenhum financiamento europeu será concedido ao plano turco de criar “uma zona de segurança” no território sírio.

A Turquia deve parar com a operação militar em curso. Não irá resultar. E se o plano da Turquia é a criação de uma zona de segurança, não espere pelo financiamento da União Europeia (UE)”, afirmou Jean-Claude Juncker, diante do Parlamento Europeu reunido em Bruxelas.

Juncker falava momentos depois de o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ter anunciado o início de uma nova operação militar no nordeste da Síria contra a milícia curda das Unidades de Proteção Popular (YPG), apoiada pelos países ocidentais, mas considerada terrorista por Ancara.

A Turquia tem problemas de segurança na sua fronteira com a Síria, que devemos entender. No entanto, exorto a Turquia, bem como outros atores, a agirem com contenção. Uma incursão irá agravar o sofrimento dos civis, que já está além do que as palavras possam descrever”, reforçou Jean-Claude Juncker.

Ao início da tarde de quarta-feira, através da rede social Twitter, Erdogan anunciou o início da ofensiva.

 

 

As Forças Armadas turcas e o Exército Livre da Síria (rebeldes sírios apoiados por Ancara) iniciaram a operação ‘Fonte de paz’ no norte da Síria”, declarou o Presidente turco.

A ofensiva turca surge após o anúncio do Presidente norte-americano, Donald Trump, no domingo, de que as tropas dos Estados Unidos iam abandonar a zona em causa.

O governante norte-americano corrigiria posteriormente as suas declarações, assegurando que Washington não tinha “abandonado os curdos”, que desempenharam um papel crucial na derrota militar do grupo extremista Estado Islâmico (EI).

Enquanto os ocidentais enaltecem o papel das YPG no combate aos ‘jihadistas’ do EI, Ancara considera as Unidades de Proteção Popular um grupo terrorista e uma ameaça à sua segurança devido aos laços ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), guerrilha ativa na Turquia desde 1984.

Segundo Erdogan, a operação militar que arrancou esta quarta-feira visa “os terroristas das YPG e do Daesh [acrónimo árabe do grupo EI]” e pretende estabelecer uma “zona de segurança” no nordeste da Síria.

A zona de segurança que iremos criar permitirá o regresso de refugiados sírios ao seu país”, acrescentou o líder turco.

Estados Unidos e Turquia acordaram em agosto último criar uma “zona de segurança”, separando a fronteira turca de territórios no norte sírio controlados pelos curdos, mas, perante aquilo que os turcos consideram ser a inação de Washington, as autoridades de Ancara têm ameaçado ao longo das últimas semanas concretizar o plano sozinhas.

A Turquia acolhe atualmente cerca de 3,6 milhões de refugiados, a grande maioria oriundos da Síria.

 

NATO defende estabilização da região

O secretário-geral da NATO apelou esta quarta-feira à Turquia, que avançou com uma ofensiva no norte da Síria, para “não desestabilizar ainda mais a região”, reconhecendo, porém, as “preocupações legítimas de segurança” de Ancara.

Numa conferência de imprensa em Roma, Jens Stoltenberg disse que a Turquia, membro da Aliança Atlântica desde 1952, "tem preocupações legítimas de segurança", ao ter sofrido “ataques terroristas horríveis” e por ter recebido vários milhares de refugiados, grande parte oriundos da Síria.

Stoltenberg falava horas depois do início de uma nova operação militar no nordeste da Síria, anunciada previamente pelo Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, contra a milícia curda das Unidades de Proteção Popular (YPG), apoiada pelos países ocidentais, mas considerada terrorista por Ancara.

Na capital italiana, o secretário-geral disse que a NATO foi informada sobre a operação em curso, frisando que “o importante é evitar ações que possam desestabilizar ainda mais a região, aumentar as tensões e causar mais sofrimento humano”.

Citado pelas agências internacionais, Jens Stoltenberg acrescentou que a Turquia deve agir com “contenção” e que qualquer ação deve ser "proporcional".

O secretário-geral da NATO irá discutir a ação militar com o líder turco na sexta-feira em Istambul.

Conselho de Segurança reúne-se quinta-feira para abordar ofensiva turca

O Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) vai reunir-se de urgência, esta quinta-feira, para abordar a ofensiva turca no nordeste da Síria, anunciaram hoje fontes diplomáticas.

A reunião ocorrerá em resposta a um pedido da França, Reino Unido, Alemanha, Bélgica e Polônia, os cinco países da União Europeia (UE) atualmente presentes no Conselho de Segurança, segundo as mesmas fontes, citadas pela agência Efe.

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