Costa escolhe Elisa Ferreira para Comissária Europeia - TVI

Costa escolhe Elisa Ferreira para Comissária Europeia

  • CE
  • 27 ago 2019, 07:21

Ursula von der Leyen, presidente eleita da Comissão Europeia, comunicará, oportunamente, a pasta atribuída à futura comissária portuguesa

O primeiro-ministro, António Costa, escolheu a ex-ministra Elisa Ferreira para comissária europeia e já o comunicou à nova presidente da comissão, disse a agência Lusa fonte oficial do seu gabinete.

O primeiro-ministro comunicou à presidente eleita da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o nome de Elisa Ferreira para integrar o colégio de Comissários da próxima Comissão Europeia”, afirmou à Lusa fonte oficial do gabinete de António Costa.

Segundo a mesma fonte, oportunamente a presidente eleita da Comissão Europeia comunicará a pasta atribuída à futura comissária portuguesa.

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Elisa Ferreira foi ministra dos governos chefiados por António Guterres, primeiro do Ambiente, entre 1995 e 1999, e depois do Planeamento, entre 1999 e 2002, e ocupa, desde setembro de 2017, o cargo de vice-governadora do Banco de Portugal.

Elisa Ferreira sucederá a Carlos Moedas, que foi comissário indicado pelo anterior governo PSD/CDPP, e que teve a seu cargo a pasta da Investigação, Ciência e Inovação e foi nomeado em novembro de 2014.

O comissário europeu saudou a escolha, afirmando-se “muito descansado” e “muito contente por passar o testemunho” a uma “europeia convicta”, respeitada em Bruxelas e “à esquerda e à direita”.

Em declarações à agência Lusa, afirmou ter ficado particularmente agradado por o primeiro-ministro, António Costa, ter escolhido Elisa Ferreira, que “foi sempre uma mulher de criar pontes e conseguir consensos”, aspeto importante nas funções que desempenhará nos próximos cinco anos no executivo comunitário liderado por Ursula von der Leyen.

Carlos Moedas salientou o facto de a antiga eurodeputada socialista ser “respeitada em Bruxelas por todos” e “respeitada à esquerda e à direita”, o que, apontou, “é um ativo importante” para o cargo que vai exercer, no qual terá de “fazer essas pontes entre a esquerda e a direita”.

Portanto, é uma escolha que a mim me deixa muito descansado e, por outro lado, também muito contente por passar o testemunho a alguém como a Elisa Ferreira. Acho que é uma boa escolha, e portanto fico muito contente com esta passagem de testemunho”, resumiu.

Há cerca de duas semanas, em 8 de agosto, o porta-voz da presidente eleita da Comissão tinha dito à agência Lusa que Ursula von der Leyen tinha mantido encontros informais com os dois candidatos apresentados por Portugal, Elisa Ferreira e o eurodeputado e antigo ministro das Infraestruturas, Pedro Marques, nomes avançados, na altura, pelo jornal Público.

O Conselho Europeu fixou a data de 26 de agosto para apresentação dos nomes propostos pelos países para comissários, contudo a data não é vinculativa, dado não haver prazos legais para a designação dos comissários europeus.

A alemã Ursula von der Leyen, que vai presidir à próxima Comissão, terá de se reunir com todos os candidatos para fazer as suas escolhas, de nomes e de pastas.

O ‘elenco’ final de 26 comissários e respetivas pastas – excluindo a Alemanha, que já tem a presidência, e o Reino Unido, que conta sair em 31 de outubro, véspera da entrada em funções da nova Comissão – deverá por isso ser ‘fechado’ a tempo para as audições nas respetivas comissões do Parlamento Europeu, que deve pronunciar-se sobre o colégio como um todo em 22 de outubro.

Eurodeputados reagem à escolha de Elisa Ferreira

O eurodeputado do PSD Paulo Rangel saudou esta terça-feira a escolha de Elisa Ferreira para comissária europeia considerando-a uma pessoa experiente, competente e com rede europeia.

Saúdo a escolha de Elisa Ferreira para comissária. Experiente, competente e com rede europeia. Também por ser a primeira mulher portuguesa”, disse Paulo Rangel numa mensagem na rede social Twitter.

 

Paulo Rangel destaca também que Elisa Ferreira pode “ter uma boa pasta como a economia, o ambiente ou desenvolvimento regional”.

A eurodeputada do Bloco de Esquerda (BE), Marisa Matias, disse esperar que Elisa Ferreira seja uma voz forte contra a política de destruição dos serviços públicos e do mercado de trabalho.

Espero que Elisa Ferreira seja uma voz forte contra a política europeia de destruição dos serviços públicos e desregulação do mercado de trabalho que tem vigorado na Europa. Obviamente, sei que será uma tarefa difícil sobretudo tendo em conta aquele que foi o apoio explicito do PS à presidente da Comissão Úrsula von der Leyen e que tem uma política diferente”, declarou Marisa Matias à agência Lusa.

A eurodeputada bloquista recordou que trabalhou com Elisa Ferreira alguns anos no Parlamento Europeu, na Comissão de Assuntos Económicos e Monetários.

Nós convergimos muitas vezes na crítica à política económica monetária europeia, convergimos muitas vezes na crítica à austeridade, com exceção do pacote da governação económica em que não estivemos do mesmo lado. (…) Sinceramente, espero que Elisa Ferreira possa ser essa voz forte que precisamos”, disse

O eurodeputado do PCP, João Ferreira, sublinhou que mais importante do que as pessoas são as políticas aplicadas.

Se é certo que não é conhecido ainda o programa da futura Comissão Europeia, não é difícil adivinhar (….). Olhando para o que foram as linhas programáticas com que a atual presidente da Comissão Europeia se apresentou no Parlamento Europeu, é fácil perceber que encontramos ali o tipo de orientações programáticas prevalecentes nos últimos anos e que tão prejudiciais foram para países como Portugal”, afirmou.

Instado a comentar o nome escolhido pelo primeiro-ministro, António Costa, para comissária europeia, o eurodeputado pelo PCP lembrou que a Comissão Europeia “é ainda o único órgão da União Europeia onde, do ponto de vista formal, existe igualdade entre estados, com um país um comissario”.

É importante que o futuro comissário use esse espaço de manobra para defender o interesse português, que tão negligenciado tem sido ao longo dos últimos anos”, afirmou.

João Ferreira recordou que, pela experiência dos últimos anos, em que Elisa Ferreira foi deputada no Parlamento Europeu pelo Partido Socialista, “houve sempre uma convergência da social-democracia europeia com a direita para aprovar medidas que se revelaram profundamente lesivas dos interesses dos povos, mas sobretudo de países como Portugal”, dando como exemplo a alteração às regras do Pacto de Estabilidade e o quadro de sanções a aplicar aos países incumpridores.

A continuar a existir esta convergência entre social-democracia e a direita ela não resultará em nada a favor dos povos e trabalhadores na Europa, mas sobretudo para países como Portugal”, acrescentou.

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